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Meio século a pintar até lhe doerem os olhos

Meio século a pintar até lhe doerem os olhos

Mário Tropa reúne em Mação 60 quadros que assinalam meio século de vida dedicada à pintura

Mário Tropa comemora meio século de pintura numa exposição que foi inaugurada na tarde de sábado, 4 de Junho. O pintor natural de Lisboa, mas com raízes familiares e muito profundas a Mação, viveu em Santarém quase toda a sua vida depois de aos 25 anos ter vindo para a capital do Ribatejo desempenhar a profissão de professor. “Troquei uma bolsa da Fundação Gulbenkian para ir estudar para Barcelona por um posto de trabalho em Santarém. Foi aí que decidi a minha vida de artista e familiar”, recordou no dia da inauguração da sua última exposição que mostra 50 anos de pintura e desenho. “Foi a pior coisa que fiz para a minha carreira como artista mas tomei opções. Pus a minha vida familiar em primeiro lugar. Vim para Santarém por um ano e fiquei cá até hoje”, conta.
Sobre a sua ligação a Mação, onde recuperou uma casa de família, Mário Tropa esclarece que os seus ascendentes são de Mação e que ele também se sente como se tivesse nascido na aldeia do Castelo. “Os meus pais eram daqui e eu vinha todos os anos, pelo menos uma vez, gozar as férias grandes. Sinto-me de Mação. Nunca digo que sou natural de Lisboa porque é aqui que tenho as minhas raízes”, confessa.
Mário Tropa reconhece que nunca foi um pintor de galerias e que isso prejudicou a sua carreira. “Nunca me ofereci mas ao longo da minha vida como pintor ainda trabalhei com três galerias. A verdade é que o facto de não me terem posto à prova fez com que nunca tivesse medido as minhas capacidades. Todos os artistas precisam de vez em quando de um abanão. E isso não aconteceu comigo pelas razões que já evidenciei”, refere.
“Com esta exposição, que reúne quadros e desenhos de 50 anos de trabalho, ponho fim à minha vida como pintor. Já chega. Os meus olhos estão cansados. Foram muitos anos a trabalhar à noite, à luz de uma lâmpada. De dia dava aulas e à noite trabalhava nos meus desenhos. Agora sinto-me livre dessa obrigação. Para mim a vida como artista acaba aqui. Não me peçam mais nada”, garante.
Mário Tropa é pai de dois artistas com nome no mercado: Francisco Tropa e Pedro Tropa. Reconhece que a vida familiar influenciou a escolha dos filhos e diz que sente um grande orgulho por vê-los numa posição destacada. A galeria onde Mário Tropa expõe cerca de 60 quadros que conseguiu reunir foi dinamizada por si quando se mudou para a sua casa em Mação, mais precisamente na aldeia do Castelo. “Estou aqui a viver e a estudar as minhas raízes com muito prazer e sentindo profundamente este regresso à terra dos meus pais e à terra da qual guardo boas recordações da infância”.
Na inauguração da exposição, que contou com a presença de muitos amigos, o presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, agradeceu o trabalho associativo de Mário Tropa e realçou a sua ajuda na dinamização da cultura do concelho desafiando os presentes a seguirem-lhe o exemplo.

Meio século a pintar até lhe doerem os olhos

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