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Ourém: mergulhando na História

Ourém: mergulhando na História

Terra de lendas e intrigas, Ourém destaca-se pelo seu famoso castelo conquistado aos Mouros pelo próprio D. Afonso Henriques em 1136. Mas começando desde logo pela origem incerta do nome da cidade, reza a lenda que uma rapariga moura se teria convertido ao cristianismo com o nome de Oureana depois de se apaixonar por um cavaleiro templário, em alternativa ao nome de baptismo do castelo (Aurem), pequenos resquícios de mistério parecem trespassar cada pedrinha que encontramos no caminho.
Residência oficial de D.Afonso (Paço do Conde), o castelo surpreende pela sua arquitectura invulgar que alia uma estrutura militar e influências venezianas, dividindo-se assim numa planta triangular a que se juntam dois torreões e um paço. No entanto, talvez a história mais curiosa que aqui se sussurra entre pedras centenárias seja a da intriga de D. Mécia de Haro que dá o nome à torre virada a noroeste. Oriunda do Reino de Leão, casou com D.Sancho II tornando-se assim rainha de Portugal. Todavia, o irmão do rei, D. Afonso, aspirava subir ao poder que se lhe escaparia entre os dedos assim que D. Mécia produzisse herdeiros. Este sugere então que o casamento do irmão era uma união ilegítima entre primos e, selando o destino, a rainha acaba por ser separada do seu marido e levada para o Castelo de Ourém que resiste ao cerco do rei.
Claro que a ambiguidade quanto à partida voluntária ou involuntária de D. Mécia acrescenta um novo e misterioso véu ao enredo. De qualquer modo, a infortunada rainha permanece na sua torre até ao dia em que regressa a Castela ainda clamando ser rainha de Portugal. Mas se de facto o Castelo não se rendeu ao cerco do rei e, na verdade, a nenhum outro durante toda a sua história, deve-se à sua inteligente estrutura que alberga no seu centro uma cisterna ogival que o alimenta permanentemente de água. Ainda no período áureo do castelo, assistimos à partida de D. Nuno Álvares Pereira para a Batalha de Aljubarrota em 1385. Infelizmente, Ourém viria ainda sofrer debilitantes infortúnios, primeiro com o terramoto de 1755 e, depois, com as invasões francesas.
Para quem prefere a paisagem natural, os vários pinhais, olivais, hortas e vinhedos que se estendem ao longo de vales e montes protegidos pelo Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros oferecem uma excelente alternativa, tendo ainda a possibilidade de avistar uma águia ou um falcão. As pitorescas aldeias e muros de pedra, a culinária popular que dá ênfase ao pão e às migas, ou a fonte gótica, são ainda algumas das variadas atracções deste concelho.
Numa última viagem na História encontramos na Serra de Aire não só o mais antigo, mas também o mais longo registo mundial de saurópodes (um dos dois grandes grupos de dinossauros com bacia de réptil). Com 175 milhões de anos, a Jazida de pegadas de Dinossauros oferece testemunhos extremamente bem conservados que certamente nos transportam para o tempo em que alguns dos maiores animais terrestres percorreram esta mesma área.
Ana Fialho

Ourém: mergulhando na História

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