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Falta de água pôs em causa condições de higiene na Feira de Agricultura

Falta de água pôs em causa condições de higiene na Feira de Agricultura

Espaço esteve um dia a ser abastecido por bombeiros, devido a uma ruptura, enquanto CNEMA continua a recusar ligação à rede pública

O Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, onde decorre a Feira Nacional de Agricultura, esteve a ser abastecido de água por tanques de várias corporações de bombeiros, durante todo o dia de segunda-feira, 6 de Junho. A situação deveu-se a uma ruptura no sistema interno do parque, abastecido por um furo próprio, numa altura em que o CNEMA, sociedade dona do espaço, tem vindo a recusar, há três anos, fazer a ligação à rede pública de água, apesar de a isso estar obrigada. A situação gerou uma grande confusão e colocou em causa o funcionamento de restaurantes, casas-de-banho e fornecimento de água aos animais em exposição, num espaço que recebe milhares de visitantes.
O MIRANTE esteve no local e verificou as casas-de-banho com falta de condições de higiene e as sanitas interditas a expositores e visitantes. Os elementos de restaurantes tiveram de se abastecer nos tanques dos bombeiros com panelas, baldes e até caixotes do lixo para confecção de refeições e lavagens de loiça. Na semana passada, antes de a feira começar, a administradora da empresa municipal Águas de Santarém pediu uma reunião urgente com a administração do CNEMA para alertar para a necessidade de ligação à rede mas a reunião foi inconclusiva. Mesmo assim a empresa municipal enviou um orçamento de ligação ao ramal de rede pública.
Durante o dia vários elementos do CNEMA
andaram no recinto à procura da ruptura, que só foi descoberta ao final da tarde, com a ajuda de funcionários municipais de Coruche e da Águas de Santarém, precisamente a entidade que o CNEMA tem ignorado. Os funcionários da empresa municipal de gestão e fornecimento de água foram enviados para o local por indicação do presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), que é também presidente do conselho de administração da Águas de Santarém e membro do conselho de administração do CNEMA em representação do município.
O autarca, na semana passada, em declarações a O MIRANTE, sobre o facto de o parque continuar a ser abastecido por um furo interno, disse desconhecer se o CNEMA realiza análises à água e se o furo está licenciado, apesar de a câmara ser a segunda maior accionista do parque. O MIRANTE
observou o descontentamento junto dos proprietários de restaurantes e tasquinhas pelo facto de a organização não ter um plano alternativo para falhas como estas. A ruptura foi detectada por volta das 8h00.
O CNEMA, liderado pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), colocou uma informação pouco visível no seu site na internet, pediu desculpas, reconhecendo que a situação ocorreu no dia com entradas gratuitas, que é aquele em que os visitantes se “deslocaram em grande número à feira”.
Recorde-se, conforme O MIRANTE já tinha noticiado, que o CNEMA já tinha sido notificado para fazer a ligação. Sendo a Águas de Santarém a entidade responsável pelo abastecimento no concelho, o presidente desta entidade e da Câmara de Santarém, tem poderes para avançar com um processo de contra-ordenação por falta de ligação à rede pública, o que ainda não fez para poupar o CNEMA a coimas que podem chegar perto dos 45 mil euros. Em 2013 a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) garantia a O MIRANTE que o CNEMA estava a violar a lei. A ERSAR refere que “caso exista rede pública disponível não podem ser utilizadas captações próprias para consumo humano”.

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