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“Entrei no Lar dos Rapazes aos oito anos e fiz lá amigos para a vida inteira”

“Entrei no Lar dos Rapazes aos oito anos e fiz lá amigos para a vida inteira”

José Mota é director dos serviços financeiros da Misericórdia de Santarém. José Luís Mota é director dos serviços administrativos e financeiros na Santa Casa da Misericórdia de Santarém (SCMS). A sua ligação à instituição começou aos oito anos quando entrou no Lar dos Rapazes. Iniciou a sua vida profissional aos 14 anos, sempre na SCMS, na parte de encadernação. Foi trabalhador estudante e licenciou-se em Gestão de Empresas. Tem orgulho em ter crescido onde cresceu, onde diz ter feito amigos para a vida inteira. Tem poucos tempos livres o que o impede de se dedicar tanto como gostava à sua horta.

Tenho orgulho em dizer que fui criado no Lar dos Rapazes em Santarém. Não tenho qualquer problema em dizer onde cresci. No meu tempo éramos à volta de setenta crianças. Era uma grande família. Tudo o que sei e aprendi foi naquela instituição. Foi lá que me tornei o homem que sou hoje.
Confesso que me senti um pouco órfão quando saí do Lar. Normalmente, os jovens ficavam no Lar até aos 18 anos. Eu fiquei mais dois anos porque tinha comprado casa e ela estava em processo de obras. No dia da minha saída passou-me muita coisa pela cabeça. Durante os anos em que ali vivi sempre me senti protegido. Mas depois de sair nunca me senti desamparado. Tive sempre o apoio da Santa Casa da Misericórdia,
Nos encontros de antigos alunos recordávamos histórias divertidas. Tenho pena que isso tenha terminado. Cada um seguiu a sua vida, andamos sempre numa azáfama de um lado para o outro e acabamos por não nos encontrar.
Entrei no curso de Gestão de Empresas em Coimbra mas só lá estive dois dias. Se lá tivesse ficado tinha que trabalhar de dia e tinha que ir todos os dias para Coimbra, onde as aulas começavam às seis da tarde e terminavam à meia-noite. Percebi logo que era impossível conciliar ambas as coisas e pedi transferência para Santarém.
A minha mulher diz que até tenho jeito para a cozinha. Até consigo que ela coma coisas de que ela não gosta como carne de borrego. Muitas vezes sou que tenho que cozinhar porque ela trabalha por turnos no Hospital Distrital de Santarém. Mas curiosamente não gosto muito de me meter na cozinha. Só quando tem mesmo que ser. E normalmente opto por refeições rápidas e práticas, apesar da cozinha servir para me distrair.
Os meus tempos livres são muito limitados. Além do meu trabalho durante o dia, também trabalho em casa na área da contabilidade. Uma das coisas que me queixo é que não tenho tempo para nada. Em tempos não era uma necessidade trabalhar em casa mas actualmente a situação complicou-se. Há uns anos o dinheiro deste trabalho extra era para as férias, hoje em dia é para o orçamento familiar mensal.
Gosto de agarrar na enxada e cavar no meu quintal. Já tive uma hortinha no quintal mas nem para isso tenho tido tempo. Às vezes, os vizinhos mais próximos dizem-me para limpar o quintal e dedicar-me à horta mas tem sido impossível. A horta ajuda-me a relaxar por isso tenho que voltar a dedicar-me à terra. As próximas férias de Verão vão ser na Serra da Estrela. Vai ser só descansar e fugir para um local calmo e sossegado.
Antes de casar e de ter o meu filho a minha família era a Santa Casa da Misericórdia de Santarém. Comecei a trabalhar na instituição aos 14 anos, na encadernação. Trabalhava de dia e estudava à noite. Depois de concluir o ensino secundário fiz um curso de contabilidade. Entretanto, os serviços administrativos estavam em remodelação e fui para lá.

“Entrei no Lar dos Rapazes aos oito anos e fiz lá amigos para a vida inteira”

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