A ópera “O Corvo”, apresentada pela Inestética companhia de teatro no Palácio do Sobralinho, a partir do poema com o mesmo nome de Edgar Allan Poe, ganhou agora uma banda sonora em CD. A edição do disco foi financiada pelo Ministério da Cultura e pela Câmara de Vila Franca de Xira e apresentado na noite de sexta-feira na Fábrica das Palavras.
É a primeira vez que aquele poema do escritor norte-americano é musicada, num desafio “difícil”, segundo conta Luís Soldado, compositor. “Só por si não é vulgar fazer uma ópera de um poema, ainda para mais um poema que nunca tinha sido musicado no mundo. Foi complicado porque a tradução que usámos [de Fernando Pessoa] tem uma métrica muito formal. Mas optámos por manter esse espírito do poema, foi muito interessante”, lembrou.
Rui Baeta foi o barítono de serviço e esteve presente no lançamento do disco para cantar algumas das suas passagens e ao mesmo tempo falar de um texto “muito difícil”, “grande” e “desafiante”. “Em Portugal não é usual fazer-se edições de discos das óperas que cá se fazem, por isso é um privilégio enorme”, afirmou.
“O Corvo” debruça-se sobre a morte e o seu impacto na personagem principal, torturado pela morte da sua amada, Lenore. “A arte é efémera, esfuma-se no momento. É por isso que é tão importante conseguir materializar este projecto”, confessou Alexandre Lyra Leite, encenador da peça que estreou em Dezembro de 2015 no Palácio do Sobralinho. Além de Rui Baeta tinha Sara Chéu no papel principal. O disco foi gravado no próprio Palácio do Sobralinho e no Laboratório de Música e da Infância do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.