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O culto do corpo e o vício do treino depois dos 50

O culto do corpo e o vício do treino depois dos 50

Mário Silva e Manuela Barbosa são dois exemplos de um estilo de vida saudável. Ele tem 75 anos e ela 55 e constituem a prova de que nunca é tarde para se cultivar o gosto por exercitar os músculos e trabalhar o físico. O ginásio, em Santarém, faz parte da sua rotina diária e recentemente venceram concursos de culturismo. Sem concorrência.

Mário Silva e Manuela Barbosa são dois exemplos que provam que não existe limite de idade para o culto do corpo e para puxar pelo físico. Aos 75 anos, Mário Silva participou no concurso Campeonato Mister e Miss Culturismo 2016 que decorreu no dia 9 de Julho, em Portimão (Algarve), e venceu o título na categoria veteranos, pelo segundo ano consecutivo, pois foi o único da sua idade a aventurar-se nessa prova. Manuela Barbosa, 55 anos, estreou-se nessas andanças e trouxe para casa também o primeiro lugar no seu escalão, não tendo igualmente adversárias com quem competir.
Os dois já ultrapassaram a barreira da juventude mas podem ser considerados exemplos para muitos jovens pela perseverança, determinação e empenho com que se dedicam ao desporto. Ambos atribuem a responsabilidade da sua presença neste campeonato a Francisco Alexandre, sócio-gerente do ginásio Visual Fitness, que frequentam, e que os desafiou a participarem no concurso de culturismo.
Mário Silva e Manuela Barbosa têm percursos diferentes a nível desportivo. O antigo vendedor de automóveis, agora reformado, começou a praticar desporto aos 15 anos. Via os atletas de culturismo nas revistas francesas que comprava na única loja que vendia na altura. Foi Mário Silva e uns amigos que construíram os seus próprios pesos com cimento e aros de barris.
Viu-se obrigado a deixar a prática do culturismo quando foi mobilizado para combater na Guerra do Ultramar, em Angola. Tinha 21 anos. Regressou dois anos depois e descobriu que a sua mãe tinha deitado os pesos fora. Nessa altura, trabalhava e com dois filhos pequenos ficou sem tempo para o desporto. Foram cerca de nove anos sem praticar. Entretanto, aos 30 anos, foi um dos elementos iniciais da equipa de judo da Casa do Benfica de Santarém. Quando descobriu que havia uma “espécie” de ginásio com pesos numa garagem da cidade voltou a praticar. Entrou em vários campeonatos de culturismo e, aos 47 anos, conquistou o título de campeão nacional de veteranos. Depois de ganhar esse título deixou de participar em competições e, devido à falta de locais para levantar pesos, deixou de o fazer.
No entanto, nunca deixou de praticar desporto. Corria sempre que tinha tempo livre. Em 1987 abriu o seu próprio ginásio. Foi o primeiro a ter um ginásio de pesos em Santarém. A aventura durou dois anos. Há seis anos que frequenta o Visual Fitness onde não falha um dia. Treina às sete da manhã e às cinco da tarde. Entre duas a três horas diárias. Garante que não se farta. “Se não fizer exercício o dia não me corre bem. Faz-me muito bem à cabeça. Tenho a certeza que se não praticasse desporto já estava dentro do caixão”, brinca.
A única coisa que lhe custa durante a preparação para o campeonato de culturismo é a alimentação, que é muito restritiva. No entanto, consegue cumprir as regras até ao dia da prova. “Depois do concurso a primeira coisa que comi foi um hambúrguer com batatas fritas”, conta.
Nunca é tarde para começar
Manuela Barbosa começou a frequentar o ginásio há cerca de três anos mas sempre gostou de praticar desporto. Aos 16 anos, tentou inscrever-se no ballet mas um problema na coluna impediu-a. Sempre gostou de ginásio mas nunca frequentou por receio que os pesos lhe fizessem mal à coluna. Praticava natação mas sentia-se cada vez mais insatisfeita com o seu corpo e decidiu experimentar um ginásio. Começou aos poucos até que, há alguns meses, Francisco Alexandre a desafiou a treinar mais intensamente com o objectivo de participar na competição.
“Quando aceitei o desafio não tinha noção de onde me estava a meter. Foi mais difícil do que imaginava e o mais difícil foi mesmo seguir a alimentação à risca. É também uma prova de superação mental. Há alturas em que apetece comer o que não podemos, é difícil mas sabemos que a restrição é temporária por isso consegui vencer as tentações e o mais importante é que gosto do resultado. Gosto do meu corpo e adoro levantar pesos. Tive medo inicialmente mas nunca mais tive dores de coluna”, afirma a O MIRANTE.
Manuela confessa que gostava de ter adversárias no concurso para tornar a competição mais apelativa. No entanto, este é um desporto onde as mulheres não participam muito, sobretudo na sua idade. A responsável de limpeza alerta para a importância das mulheres se cuidarem e praticarem desporto, em qualquer idade. “Eu sou o exemplo que nunca é tarde para se começar a treinar de forma mais afincada. Sinto-me uma mulher diferente, com muito mais energia do que antes”, refere.

O culto do corpo e o vício do treino depois dos 50

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