Autoridades investigam morte de dezenas de patos em ribeira de Alverca
Utilizadores do trilho pedonal da Verdelha não se conformam com cenário degradante e apontam o dedo a fábricas da zona.
Estão ainda por apurar as causas que terão levado à morte de mais de meia centena de patos na última semana na ribeira da Verdelha em Alverca e o caso já foi registado pela Polícia de Segurança Pública e está também a ser investigado pelo Serviço de Protecção da Natureza da Guarda Nacional Republicana.
Ao longo dos dias as marés têm arrastado as carcaças para o rio e já poucas restam para atestar a mortandade ali registada. Acácio Casimiro, morador da cidade e utilizador frequente do trilho pedonal que segue ao lado da ribeira, foi dos primeiros a ver o que aconteceu. “Até fiquei sem palavras, estavam aqui há vontade uns 60 ou 70 patos mortos, outras pessoas que passam aqui também ficaram sem perceber o que se passou. Morreram praticamente todos”, conta a O MIRANTE. Dos patos mortos já só restam pouco mais de cinco carcaças, espalhadas isoladamente nas margens em zonas onde a água não chega.
Tal como Acácio, outras pessoas fizeram chegar às autoridades vários alertas sobre o que aconteceu. “A água estava esbranquiçada e com um cheiro horrível, podem dizer o que quiserem mas isto foi uma descarga de alguma fábrica ou pecuária aqui perto que os matou”, refere Eugénio Pires, morador.
O facto da ribeira se encontrar a poucos metros da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alverca faz adensar ainda mais o mistério, já que faria sentido que ali circulassem águas tratadas. “Alguém anda a cometer estes crimes ambientais debaixo do nariz das autoridades e ninguém faz nada. Havia aqui garças, pernilongos, patos, tudo. Aos poucos têm morrido e desaparecido todos e não se ouve uma voz a alertar para isto. Estamos naturalmente preocupados porque é a nossa cidade, é a terra onde vivemos e não sabemos se aquilo que despejam para o rio é bom para a nossa saúde também ou não”, explica Nuno Casimiro, morador da cidade que é também professor universitário e utiliza o trilho da Verdelha com frequência para correr ao final do dia.
“Há imensas pessoas aqui a apanhar caracóis agora no Verão, alguns até bem perto das margens do rio. Não sei até que ponto é seguro fazê-lo sem se apurar em que condições está esta água. Tem dias em que apesar de parecer limpa tem um cheiro muito acre”, lamenta Nuno Casimiro.