Oposição forçou socialistas a dar o mesmo subsídio à Inestética e ao Cegada
Aprovado na última semana um montante de 20.600 euros para as duas companhias. O braço de ferro já durava há quase dois meses e teve um desfecho na última semana. A oposição, em maioria na Câmara de Vila Franca de Xira, obrigou os socialistas a conceder igualdade de direitos às companhias de teatro Cegada e Inestética.
Depois de dois meses e meio de braço de ferro, a oposição CDU e Coligação Novo Rumo (liderada pelo PSD) conseguiu que as duas companhias de teatro profissional do concelho - o Cegada de Alverca e a Inestética do Sobralinho - tivessem igualdade de oportunidades no acesso ao financiamento.
Foi aprovada, na última reunião de câmara, um apoio de 20.600 euros para cada uma das companhias, no que acabou por ser uma das maiores vitórias políticas da oposição e um dos maiores apertos políticos do mandato de Alberto Mesquita (PS), forçado a remeter-se a um desconcertante silêncio durante a discussão do ponto.
Há muito que os socialistas que gerem o município - em minoria - vinham defendendo não financiar o Cegada por considerarem que não se tratava de uma estrutura profissional. Mas a oposição não teve esse entendimento e quis acabar com a hegemonia da Inestética, que o vereador Rui Rei considerou ser “a companhia do regime”.
Na hora de aprovar o financiamento ao Cegada os socialistas abstiveram-se, mas apenas porque sabiam que se votassem contra também a oposição votaria contra o financiamento à Inestética. “O PS não inviabilizou [a proposta de apoio ao Cegada] porque seis são mais do que cinco e porque estava em risco o apoio a uma associação [Inestética] com créditos firmados no panorama cultural nacional”, explicou Fernando Paulo Ferreira (PS), vereador com o pelouro da cultura na sua declaração de voto.
O autarca afirmou que a decisão da oposição “nada tem a ver com cultura, lógica de transparência na intervenção municipal ou interesse público”, mas antes o que disse ser “uma incapacidade” da oposição em “resistir a pressões” de quem tem interesses particulares a defender, “optando por forçar uma deliberação fora das regras habituais”, criticou. Fernando Paulo lembrou que em Vila Franca de Xira os apoios aos agentes culturais ainda vão sendo possíveis graças a uma gestão “rigorosa e prudente”.
Já Rui Rei, da Coligação Novo Rumo, entendeu que se fez justiça e que a partir de agora “todos no concelho vão estar em pé de igualdade” e que “quem tiver unhas é que tocará guitarra”. Para Aurélio Marques, da CDU, o PS ao guerrear o não financiamento ao Cegada “protelou a questão” dos apoios aos dois grupos e colocou-os em “sérias dificuldades”, no que toca ao seu funcionamento. “O que pergunto ao senhor presidente é se concorda com essa verba que é atribuída ao Cegada e qual a sua opinião sobre a proposta”, interrogou. Alberto Mesquita não respondeu.