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Andebol da UJ Alverca não tem dinheiro para voar mais alto

Andebol da UJ Alverca não tem dinheiro para voar mais alto

Equipa é a única do concelho de Vila Franca de Xira a competir a nível sénior e os atletas pagam para jogar. Disputa a 3ª divisão nacional e subir de escalão não é conveniente, pelas despesas acrescidas e incomportáveis que traria.

Subir para a 2ª divisão nacional poderia ser o princípio do fim do andebol sénior na União Juventude de Alverca (UJA), dado o aumento de despesas que isso acarretaria. A equipa está de regresso aos treinos para preparar a nova época, onde vai disputar a 3ª divisão nacional. Trata-se da única equipa sénior masculina a praticar a modalidade no concelho de Vila Franca de Xira e são os atletas a suportar a maior parte das despesas, nomeadamente os 130 euros de inscrição e quotas mensais de 20 euros de forma a garantir a continuação da actividade.
O presidente do clube, Bruno Pinto, diz que a UJA lá vai sobrevivendo numa época em que as empresas usam o argumento da crise para não apoiarem o desporto. A disputar uma série da 3ª divisão nacional que é uma espécie de campeonato regional da Grande Lisboa, a direcção sabe o risco que corre caso a equipa suba de divisão.
“Subir é um objectivo que não nos convém. Em termos monetários as dificuldades de jogar na 2ª divisão são muitas. Os custos de deslocações, inscrições, a disponibilidade dos jogadores são factores importantes que neste momento determinam a viabilidade da equipa de andebol. No total são cerca de 10 a 15 mil euros de despesa por época”, refere o dirigente de 35 anos.
João Mora, 22 anos, está no clube há 15 anos. O estudante de informática confessa que é complicado estar num clube onde se tem de pagar para jogar sem quaisquer apoios de outras entidades. “Não temos um pavilhão próprio, a câmara municipal cobra-nos imenso e o facto de termos de pagar tanto por inscrição limita-nos”, aponta o pivô.
Apesar de haver uma diferença de custos entre os escalões jovens e seniores (o preço de aluguer do pavilhão municipal sobe de 8 euros na formação para perto dos 30 euros nos seniores), para Bruno Pinto manter os seniores é importante pois serve de futura referência para os mais novos, numa modalidade sem grande expressão em Portugal.

Aposta na formação com algumas dificuldades
Focada na formação, e depois de ver sair alguns atletas para clubes como Sporting e Belenenses, a UJA encontra entraves para criar escalões de minis e infantis. Os mais novos acabam por iniciar a modalidade a partir dos 13 anos, uma idade já um pouco avançada para o andebol. “Não é qualquer pai que deixa o filho sair de casa às 20h00 para ir treinar. Não conseguimos fazer um escalão de minis (9-10 anos). Se tivéssemos espaço às 18h30 era possível as crianças regressarem a casa prontas para jantar mas compreendemos que outras modalidades também precisem deste espaço”, diz o dirigente.
A UJA realiza algumas iniciativas para divulgar a modalidade. Num desses eventos a UJA contactaram com atletas de escalões jovens que actuam pelo CSPDS (Centro Social Para o Desenvolvimento do Sobralinho). Segundo elementos da direção da UJA, a ideia de criar um protocolo entre os dois clubes está a ser equacionada.

Um treinador campeão e internacional

A treinar a equipa está Álvaro Valverde. O auditor financeiro de 58 anos começou a jogar federado aos 16 anos no Sporting, onde foi campeão nacional (1977/78) e representou a selecção nacional. Apesar de vários clubes interessados veio para Alverca através do ex-técnico Fernando Ferreira e decidiu continuar na UJA após ver a entrega que os atletas demonstram. “Eles gostam disto, alguns infelizmente já estão no fim da carreira desportiva. Eu passei por clubes onde se pagava bem aos atletas e era necessário motivá-los pelo dinheiro”, refere.
Apesar de estar apenas há meia época no clube, Valverde entende as dificuldades financeiras, mas prefere pensar positivamente de forma a não condicionar os jogadores. “Estava à espera que o UJ Alverca tivesse muito mais apoios. O clube devia ser mais ajudado. Se começarmos a limitar por causa do risco financeiro, começamos a transmitir esse espírito à equipa. Quando aqui cheguei vi estes rapazes satisfeitos por perderem por dois e não por 20. Não deixa de ser uma derrota”, afirma.

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