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Dantesco Manuel Serra d’Aire

Começo pelos fogos porque estamos no Verão e quem quiser ter audiência nesta época do ano tem de falar de fogos, do bem que se está nas praias algarvias e transferências de jogadores da bola. Escolho os fogos porque é neste domínio que temos (os ribatejanos) dado cartas. E, obviamente, escolho como protagonistas figuras essenciais dessa área. Refiro-me aos incendiários, figuras sobejamente incompreendidas mas que são mais importantes do que muitos julgam.

Deixo alguns exemplos. Sem incendiários, o que fariam muitos jornalistas e estações de televisão como a CMTV durante o Verão? E quem daria palco e projecção nacional a comandantes, autarcas, populares e sei lá que mais que povoam os ecrãs entre Julho e Setembro? E quem saberia distinguir um Kamov de um Canadair? E quem tiraria do anonimato lugarejos como Sodradelo, Vale Porco ou Soutelinho do Amésio?
Ah pois é! Meu caro, os incendiários dão visibilidade a muita gente e, em contrapartida, são hostilizados como poucos neste país de gente ingrata e invejosa. Dou o exemplo de dois homens detidos há uns dias por suspeita de crime de fogo posto, um em Santarém e outro em Abrantes. O de Santarém é cantoneiro e é suspeito de ter ateado uma série de fogos na cidade e arrabaldes. O de Abrantes terá ateado fogo num terreno de que é dono, depois de os vizinhos o terem massacrado por não limpar o mato.
Parece-me que, em ambos os casos, há que relevar o facto de os homens terem sido mais papistas que o Papa e, por isso, merecerem atenuantes. O de Santarém porque, sendo cantoneiro de profissão e sabendo que com a enxada jamais conseguiria limpar o matagal que cerca a cidade, tentou usar um meio mais expedito e eficaz. Quem pode crucificar um profissional que tenta dar o seu melhor em prol da comunidade?
Em Abrantes o caso é semelhante. O homem, farto de ser azucrinado pela vizinhança, decidiu pôr mãos à obra e após emborcar uns valentes copos decidiu matar o mal pela raiz. Conclusão: resolveu o problema com os vizinhos e arranjou uma carga de trabalhos para ele.
Provavelmente esta coisa da piromania está no nosso ADN, faz parte da nossa herança genética. Tal como a Santa Inquisição (que era santa, note-se!), achava que os hereges ficavam com a alma limpinha se purificados pelo fogo, também hoje há quem tenha uma ideia mais radical de como se deve fazer a limpeza de matas e prefira usar as labaredas como ferramenta.
Em Benavente, quem tem incendiado o meio é o PS local, que anda numa de Pitonisa e meteu na cabeça que o anterior presidente da câmara, o comunista António Ganhão, quer roubar o lugar ao seu sucessor e camarada Carlos Coutinho. A isto chama-se lançar o barro à parede a ver se pega. E não pegou porque Ganhão já disse que não quer ser candidato a mais nada, desmentindo os socialistas. Quanto ao PS, com adivinhos e palpites destes dificilmente ganhará a taluda autárquica e conseguirá sair da oposição onde vegeta há tantos anos por aquelas bandas.
Um caloroso abraço do
Serafim das Neves

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