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Vieram do Algarve há 40 anos e criaram o Festival do Acordeão do Cartaxo

Vieram do Algarve há 40 anos e criaram o Festival do Acordeão do Cartaxo

José Manuel Rodrigues e Adelaide Clemente Rodrigues dizem ser o maior evento do género no país e querem que o Cartaxo fique ligado ao instrumento, cuja paixão passaram para a filha mais nova.

Com a oitava edição do Festival de Acordeão do Cartaxo à porta (está marcado para dia 1 de Outubro) O MIRANTE procurou pela família algarvia que o organiza. Adelaide Clemente Rodrigues, 59 anos, e José Manuel Rodrigues, 61 anos, são de Silves e casaram-se em 1975, ano em que o Cartaxo surgiu no horizonte. No ano seguinte mudaram-se para a cidade onde vivem actualmente.
O casal não conhecia a localidade ribatejana, então ainda vila. “Os meus sogros estavam emigrados na Alemanha e vieram de férias para Lisboa. Eles queriam comprar uma casa para nós mas a minha sogra não gostava muito do Algarve. Demos uma volta na região e encontrámos esta casa”, conta Adelaide, então com 19 anos. No ano seguinte mudaram-se em definitivo. “Foi a melhor opção, Cartaxo era uma grande vila com muita indústria, apesar de hoje não ser aquilo que já foi”, acrescenta.
Adelaide tem o quarto ano de escolaridade e trabalhou no campo no Algarve. No Cartaxo teve estufas durante 17 anos e chegou a ter um supermercado em Pontével. Hoje, e ultrapassado um cancro no útero, faz as lides domésticas e ajuda o marido. José Manuel tem formação geral de comércio e depois de trabalhar em Portimão veio para uma oficina de mecânica automóvel, tendo hoje uma em sua casa.

Filha mais nova dá corpo à paixão
“No Algarve é normal gostar de acordeão”, afirma José Manuel. “E apesar de não tocarmos demos a enxada à Andreia”, acrescenta referindo-se à filha mais nova, de 20 anos, que é a única que toca na família composta por mais três filhos: Sónia de 32 anos, Luís de 34 e Fernando de 39.
Adelaide conta que aos oito anos esteve para aprender a tocar com um primo: “Ele era barbeiro e tocava no Rancho Folclórico do Calvário [concelho de Lagoa] e eu gostava de ouvi-lo. Disse ao meu pai que ele queria ensinar-me mas como não gostou da ideia deu com um cinto nas minhas costas. Eu era uma «machota», só queria coisas de rapazes, mas o bicho do acordeão ficou”, diz acrescentando que com a abertura da escola de acordeão na Sociedade Filarmónica Cartaxense, há dez anos, conseguiu passar a paixão à filha Andreia.
Foi quando Andreia começou a tocar que a família pensou num festival para divulgar o acordeão, tendo criado o grupo “Algarvios do Cartaxo” em 2009. “Quando viemos existiam mais algarvios no Cartaxo mas tinham vergonha de o assumir. Por isso, quando se fala nos algarvios do Cartaxo é esta a família”, sublinha José.
Em 2009 trouxeram ao Cartaxo a “rainha do acordeão”, Eugénia Lima, entretanto falecida. No entanto, à oitava edição constatam que é difícil não repetir músicos, apesar de a filha participar sempre e de este ano terem o Tino Costa, “o nome actual mais sonante”.
“Quando começámos não haviam tantos festivais de acordeão e só em 2010 apoiámos cinco eventos do género: levámos o campeão do mundo pelo país, o italiano Pietro Adragna. Mas enquanto nesses sítios aparecem 100 ou 200 pessoas, aqui temos uma média de mil pessoas a assistir. É o maior do país”, destaca Adelaide. Para o marido, o instrumento transformou-se numa referência do Cartaxo “e só não é a capital do acordeão ou um tema preponderante na cidade porque há falta de investimento e de sensibilidade”, constata.
Os “Algarvios do Cartaxo” doam sempre os lucros do festival: no primeiro e segundo anos foram para a Associação Humanitária de Pontével, no terceiro e quarto compraram um acordeão para a Sociedade Filarmónica Cartaxense, no quinto e no sexto apoiaram os Bombeiros do Cartaxo e no ano passado apoiaram a Liga Portuguesa Contra o Cancro. Este ano ainda estão a ponderar quem ajudar.

Festival a 1 de Outubro

No Sábado, 1 de Outubro, às 21h00, vão actuar 14 artistas de todo o país no Pavilhão Municipal de Exposições do Cartaxo, com o habitual desfile às 10h30 pelas ruas da cidade que anuncia o evento e assinala o Dia Mundial da Música, com cinco grupos musicais. “Já propuseram a realização do festival no CNEMA em Santarém ou na Azambuja, mas queremos que seja no Cartaxo. Considero-me uma cartaxeira e quero dar valor à cidade mesmo que nem sempre a câmara dê ao evento o valor que merece”, remata Adelaide.

Vieram do Algarve há 40 anos e criaram o Festival do Acordeão do Cartaxo

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