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Os rostos da cidade de Vila Franca de Xira

Os rostos da cidade de Vila Franca de Xira

Maria Romana Palheira, 84 anos, é uma vilafranquense de coração que mora numa velha casa que é o retrato da cidade antiga dos nossos avós.

Vila Franca de Xira é a cidade mais ribatejana do Ribatejo. Nenhuma outra cidade mantém a tradição e vai tentando responder aos novos desafios da arquitectura e de outras áreas tão importantes para o progresso de uma comunidade.
Maria Romana Palheira é uma vilafranquense de coração, com 84 anos, que mora numa velha casa que é o retrato da cidade antiga dos nossos avós.
Natural de Pedrogão Grande, chegou a Vila Franca de Xira como milhares de outras pessoas: no tempo em que era preciso vir de água abaixo à procura de trabalho no tempo das sementeiras ou das colheitas. Mulheres e homens vinham em rancho e por aqui ficavam meses quando não era para o resto da vida, como foi o caso da dona Maria.
“Oh Maria, olha-me esta bela cidade. Nunca cá conseguiria morar com uma rua tão a subir até ao cemitério”, contou, em tom de brincadeira, para recordar os tempos em que olhava para a cidade e achava que não tinha estatuto para morar nela.
Entretanto o tempo e o trabalho vieram provar que nós somos da terra onde nos damos bem, que foi o que aconteceu à dona Maria, que passou do trabalho no campo para o trabalho em casas ricas da cidade de Vila Franca de Xira, onde foi criada de servir até arranjar um trabalho na junta de freguesia e chegar à idade da reforma. Já nessa altura o trabalho no campo era feito pelas máquinas que, entretanto, quase substituíram o trabalho braçal.
“O que mais me encantou e encanta nesta cidade é o facto de toda a gente se conhecer. A cidade cresceu mas os vilafranquenses continuam a ser bairristas e eu gosto disso. Ah!, e nunca esquecer o Colete Encarnado; gosto tanto! A minha filha está sempre com medo que eu lá vá mas eu digo-lhe para a tranquilizar: “Ó filha, a mãe só lá vai espreitar o boi. E assim é de verdade; o que me interessa é viver a tradição e dá-me alegria as cores e a música que a cidade veste nessa altura”.
Maria Romana Palheira conheceu o companheiro de uma vida quando vinha a Vila Franca de Xira nas saídas com o rancho; e casados se mantiveram muitas décadas até a doença o levar. Do casamento feliz e da vida de companheirismo guardam-se todas as lembranças; a maior é a filha e o neto que hoje em dia são o maior apoio.
“Esta casa é o meu lar, onde tenho tudo. Não me importava de sair daqui mas iria sentir saudades”. Em conversa com O MIRANTE recorda os momentos que passou na casa que guarda memórias de 50 anos. “O senhorio já me disse que me leva para os prédios novos mas terá que ser num rés-do-chão que já não tenho pernas que aguentem lanços de escadas”. No dia em que fotografámos a casa, com a dona Maria à janela, o sol era o melhor confidente da tarde.

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