A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) deu o seu parecer favorável para que as obras num dique avancem no Mouchão da Póvoa, património inserido na Reserva Natural do Estuário do Tejo e de grande importância ao nível da fauna e flora.
“Neste momento o proprietário já estará a intervir no dique para fechar o rombo que existe e evitar que continue a entrar mais água. Essa situação ficará resolvida a breve trecho”, assegura Alberto Mesquita (PS), presidente do município a O MIRANTE.
O Mouchão da Póvoa é privado e é um dos três mouchões do rio Tejo no concelho de Vila Franca de Xira. A ilha tem um rombo grave num dos seus diques e parte da superfície estava a ficar submersa. No dia 27 de Maio técnicos da APA visitaram o mouchão e confirmaram um rombo num dos diques de protecção, numa extensão de 15 metros, tendo tendência a aumentar devido ao ciclo das marés.
“Se o tivessem deixado fazer o que estava disponível para fazer [um projecto de aproveitamento turístico do mouchão] não teria entrado tanta água. Às vezes é incompreensível como é que estas coisas acontecem e ficamos manietados por pareceres de algumas entidades. Podíamos ter avançado logo com uma solução provisória mas não o permitiram”, lamenta Alberto Mesquita.
Um dos projectos, com mais de dez anos, que existia para o local passava pela reabilitação das termas ali existentes e requalificar os edifícios no local mas o Estado não permitiu. “Veremos se o dono ainda está interessado, espero que sim, e que as entidades se consciencializem que se não permitirmos que algo ali se faça provavelmente estamos a fazer com que um dia o mouchão esteja irremediavelmente perdido”, defende o autarca.
A ilha, com 1200 hectares, está nas proximidades da Póvoa de Santa Iria. Actualmente boa parte das estruturas existentes estão degradadas e ao abandono. Em 2009 chegou a existir um projecto de turismo ecológico para o local, mas nada disso avançou por causa de um conjunto de burocracias.

Críticas ao silêncio da Junta de VFX

Os mouchões são áreas inseridas na freguesia de Vila Franca de Xira. Na última reunião pública de câmara o vereador Rui Rei, da Coligação Novo Rumo (liderada pelo PSD), criticou o “silêncio inaceitável” da junta liderada por Mário Calado (CDU) sobre o problema.
“O mouchão continua inundado e não oiço palavra de ninguém sobre o assunto. Aquilo está na área de Vila Franca de Xira, a junta vê aquele assassinato e não diz uma palavra, é uma vergonha. E recebe dinheiro por ter aquele território. Nunca se assistiu a um desprezo tão grande”, criticou Rui Rei. O presidente da câmara recusa entrar em polémicas mas diz que “certamente” a junta se há de pronunciar sobre o problema mais tarde ou mais cedo. “O que é prioritário é preservar os mouchões e deixar que sejam um factor económico e social importante para o concelho. Em termos administrativos é de VFX. Se a junta ainda não se pronunciou não me cabe comentar”, refere.