Ministro da Educação ouve recados em Vialonga
Autarcas e professores pediram obras urgentes em escolas sem condições. A Câmara de Vila Franca de Xira gastou dois milhões numa escola nova para o primeiro ciclo em Vialonga, inaugurada na última semana. Ministro da Educação aproveitou o convite para aparecer na fotografia, mas quando o questionaram sobre as escolas do ministério que estão em mau estado fugiu à questão.
O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, foi o convidado de honra da cerimónia de inauguração da nova escola básica nº2 de Vialonga, no concelho de Vila Franca de Xira, mas não conseguiu escapar aos apelos dos autarcas e dos professores para que dê melhores condições aos alunos do secundário.
A nova escola foi construída pela câmara e custou 2 milhões e 100 mil euros. A maioria das escolas secundárias a cargo do ministério naquele concelho, como O MIRANTE já noticiou, estão bastante degradadas e sem condições. Perante as queixas que se ouviram nos discursos o ministro admitiu apenas que é preciso escolas novas e que “enquanto as condições forem más essa preocupação não pode desaparecer do radar”.
O político não disse se há obras para breve nem se há planos de intervenção nesse conjunto de escolas que estão bastante degradadas e sem condições - EB 2,3 de Vialonga, Aristides Sousa Mendes na Póvoa de Santa Iria, Secundária Gago Coutinho em Alverca, Secundária do Forte da Casa, Secundária Alves Redol em Vila Franca de Xira e a EB 2,3 Soeiro Pereira Gomes em Alhandra.
Tiago Brandão Rodrigues limitou-se a ler o discurso que já trazia escrito para a inauguração, cheio de palavras bonitas e de congratulação pela escola nova que a câmara pagou. No final recusou falar aos jornalistas sobre o problema.
“Merecemos um tratamento melhor”
“Gostaria de o convidar a visitar a escola da sede do agrupamento (EB 2,3 de Vialonga) em que as instalações se degradam de ano para ano, que tem más condições. Ficamos a aguardar a sua visita”, convidou Nuno Santos, presidente do Agrupamento de Escolas de Vialonga.
Crítico foi também José António Gomes (CDU), presidente da junta de freguesia, que disse olhos nos olhos ao ministro que os dois mil alunos do agrupamento estão em escolas com capacidade inferior às exigências e que “continua a haver alunos a ter aulas em monoblocos e sem condições”.
O autarca de Vialonga lembrou também os parques informáticos deficientes, a degradação dos edifícios e os espaços desadequados em que os alunos têm aulas. “Merecemos um tratamento melhor”, desabafou, acrescentando que o aproveitamento dos alunos em Vialonga só não é pior “graças à equipa extraordinária de professores, técnicos e auxiliares” que trabalham nas escolas.
Também o presidente da câmara, Alberto Mesquita (PS), lembrou ao governante que as intervenções nas escolas responsabilidade do governo são “urgentes” e “prioritárias”, que a maioria está muito estragada e que é necessário “retomar e concluir com a máxima prioridade” as obras que ficaram incompletas pela Parque Escolar. O autarca lembrou que a câmara está disponível para ser parceira do ministério na procura de soluções. “Contamos consigo para ajudar no muito que ainda falta fazer”, afirmou.
O município, recorde-se, tem dado o exemplo no seu parque escolar, ao contrário do Ministério da Educação, requalificando a maioria das escolas do primeiro ciclo e jardins de infância.
Uma escola nova para o parque residencial de Vialonga
A nova escola básica nº2 de Vialonga vai dar resposta a duas centenas e meia de alunos do parque residencial de Vialonga e era um investimento há muito reclamado. “É um dia extremamente feliz, de satisfação e orgulho”, afirmou Alberto Mesquita no dia da inauguração, lembrando que agora a comunidade tem um espaço “privilegiado” para o ensino e aprendizagem, inclusivo e aberto a todos independentemente do seu estatuto social. “Acabar com os horários duplos tem sido um trabalho da máxima importância”, lembrou o autarca.
O ministro elogiou Vila Franca de Xira dizendo que foi um concelho que soube fazer obra e que esse “bom exemplo” inspira o país. “Esta escola é muito valiosa e todos aqui têm lugar, os mais e os menos carenciados”, disse. Já Nuno Santos, presidente do agrupamento de escolas, elogiou a obra dizendo que vem valorizar o bairro e a comunidade. “Passou a ser uma escola para onde queremos ir em vez de ser uma escola para onde temos de ir”, lembrou.
O presidente da junta, José António Gomes, apelou aos jovens para cuidarem da escola como se fosse a sua casa, apelando a que não haja vandalismo.