Jornadas da Gastronomia e Feira do Livro colocam Coruche na agenda
Animação dura até domingo, 2 de Outubro, no Centro de Exposições da vila
As Jornadas da Gastronomia e a Feira do Livro de Coruche estão em Coruche até domingo, 2 de Outubro, no Centro de Exposições da vila. Na inauguração, a 23 de Setembro, o presidente da Câmara de Coruche discursou com a companhia de três figurinos do Rancho Folclórico da Fajarda: as mondadeiras do Sorraia que representaram um museu vivo de outros tempos. “Parece-me um casamento feliz juntar a literatura e um bom prato da nossa gastronomia”, disse orgulhoso Francisco Oliveira (PS).
O autarca lembrou que a Feira do Livro de Coruche é um dos mais antigos eventos que se realizam na vila, tendo o ano passado que passou para a antiga central de camionagem. “A leitura e nossa cultura têm muito a ver com a nossa gastronomia e as nossas tradições”, rematou o autarca. No final deu lugar a uma pequena actuação do grupo Ús Sai de Gatas de Lamas (Miranda do Corvo), que horas mais tarde actuaram no palco principal.
O recinto estava ainda vazio mas a comitiva visitou todos os expositores que ao longo de mais de uma semana recebem centenas de visitantes. Francisco Oliveira começou por cumprimentar uma cozinheira de um dos restaurantes aderentes às Jornadas da Gastronomia e na Feira do Livro, mesmo no meio do Centro de Exposições de Coruche, encontrou um funcionário da câmara a encadernar, tendo-lhe pedido que este ensine essa arte. António Monteiro respondeu prontamente que o filho já sabe encadernar, ficando também o convite para acções de formação no futuro.
No primeiro andar está uma exposição da fileira do arroz e da indústria do sector, com empresários do concelho, instrumentos tradicionais e mostra de arroz de várias marcas. Um orgulho para Francisco Oliveira que não deixa de explorar cada expositor - “cheira mesmo a arroz”, diz em tom de brincadeira o autarca enquanto cheira os aquários com vários tipos de arroz.
Depois de finalizada a visita, a comitiva dirige-se até ao espaço Showcooking, sendo recebida com uns cestinhos com farinheira da região e espargos salteados com alho, milho e redução de vinho abafado. E enquanto a cozinheira Carolina Sttau Monteiro prepara entrecosto com batatas salteadas e produtos da região o presidente da câmara serve os convidados com as entradas. Estão abertas as Jornadas da Gastronomia e a Feira do Livro de Coruche.
O programa até domingo
A 28.ª edição das Jornadas da Gastronomia incluem a 2.ª edição dos Sabores do Arroz, com produtores de arroz da região, de 30 de Setembro a 2 de Outubro. Nos três dias as arrozeiras presentes fazem uma demonstração de cozinha.
A 32.ª Feira do Livro está no mesmo local até 2 de Outubro. Os destaques vão para a apresentação do romance “O Homem que não tinha idade”, do jornalista e comentador desportivo Fernando Correia, às 18h30 de sexta-feira, 30 de Setembro, e para a apresentação do livro “O Tempo antes das almas” de Madalena Formigo, no sábado às 15h00. Uma hora depois há teatro infantil com a Companhia de Teatro Encena do Brasil e às 17h30 há um workshop com papel de arroz. No último dia, domingo, 2 de Outubro, a Feira do Livro recebe o teatro infantil com a peça “Alice no País das Maravilhas” às 16h00.
Paralelamente a vila recebe um programa completo de BookCrossing, um movimento que nasceu nos Estados Unidos da América em 2001 que tem como prática deixar um livro num local público para que outros os encontram o possam ler e depois voltem a “libertar” e assim sucessivamente. Em Coruche está planeado o lançamento de livros para o exterior diariamente até dia 2 de Outubro, do romance à banda desenhada. Para mais informações em www.vivercoruche.pt.
Primeiro um congresso, depois a capital do arroz
No discurso da inauguração das Jornadas da Gastronomia, que incluem a segunda edição do Sabores do Arroz, o presidente da Câmara de Coruche, Francisco Oliveira, lançou o desafio ao dono da Tecnorisi: transformar Coruche na “Capital do Arroz”. O MIRANTE juntou o autarca e Vítor Rouxinol, da empresa líder nas sementes de arroz certificadas, e foi perceber que passos têm sido dados para esse objectivo.
“Os dados estão lançados. Há contactos comigo e o município, a Associação de Orizicultores de Portugal, a CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal) e com todos os organismos ligados ao arroz. O trabalho é muito grande e estamos a tentar arranjar condições físicas para albergar muita gente num congresso, porque apesar do sector atravessar as mesmas dificuldades que o país os orizicultores são muito unidos”, afirma Vítor Rouxinol.
O dono da Tecnorisi, empresa com sede em Coruche, conta que abordou o presidente da câmara na primeira edição do Sabores do Arroz, no ano passado, como “orgulhoso coruchense”. “Lancei o repto ao presidente para tentar captar pessoas e interlocutores da fileira do arroz para a terra. E como há várias regiões do país que organizam congressos relativos ao arroz queremos mostrar que Coruche também está presente”, revela.
Francisco Oliveira diz que a ideia é associar o concelho a um grande evento ligado ao arroz onde os produtores possam debater os seus problemas, as suas necessidades de produção e perceber que apoios podem ter. “Queremos dar a projecção ao Vale do Sorraia, à Lezíria e ao Vale do Tejo e a sua importância para a produção do arroz em Portugal, e o Vítor disponibilizou-se para ser o promotor desta ideia. Somos deficitários na produção de arroz, com a importação de muito arroz estrangeiro, mas esta região é uma das mais importantes no que diz respeito à área e às toneladas de arroz produzidas a nível nacional”, acrescenta.
Vítor Rouxinol afirma ainda que o concelho de Coruche é o que tem mais indústrias ligadas ao arroz em Portugal. “Nenhuma cidade em Portugal se afirma como capital do arroz, embora a região do Mondego já tivesse querido a demarcação, mas penso que neste momento é a que menos representatividade tem quando falamos em área. E o Sorraia e o Vale do Tejo são neste momento as maiores regiões do país, cultivando cerca de 50% do arroz produzido a nível nacional. Temos 15 mil hectares num universo de 30 mil e tem toda a lógica criar um congresso cá para além do Sabores do Arroz que reúne as empresas do concelho que trabalham o arroz”, sublinha o empresário.
O presidente da Câmara de Coruche espera conseguir concretizar o congresso em 2017 e quanto à afirmação de Coruche como capital do arroz remata: “um passo de cada vez”.