Empresários e especialistas debateram acesso das empresas ao crédito
Fórum “Criação de Valor para as PME”, organizado pela Garval, juntou quatro centenas de pessoas em Santarém
O fórum “Criação de Valor para as PME” juntou cerca de quatro centenas de empresários, representantes da banca e professores universitários, na quinta-feira, 17 de Novembro, no CNEMA em Santarém. A intenção foi dar oportunidade aos empresários de discutirem com especialistas das mais diversas áreas os problemas no acesso ao crédito por parte das empresas.
Na sessão de abertura da iniciativa promovida pela Garval, uma sociedade de garantia mútua que tem por missão apoiar as empresas no acesso ao crédito em melhores condições, esteve o presidente da Câmara de Santarém. Ricardo Gonçalves destacou o trabalho desenvolvido pela Garval e pela Nersant e considerou o fórum muito importante para os empresários nos dias de hoje. “Aqueles que conseguiram ultrapassar a crise foram uns verdadeiros heróis”, disse na sessão de abertura.
Já o presidente do conselho de administração da Garval, Luís Filipe Costa, constatou que “Santarém tem, quer na autarquia, quer na sua associação empresarial, duas entidades de grande dinamismo reconhecidas não só pelo tecido empresarial regional, como a nível nacional. Tomara eu que no resto do país todas as autarquias e associações fossem tão dinâmicas”, disse.
No debate moderado pelo director executivo da RISA Consulting, Pedro Nunes, estiveram Luís Filipe Lages, professor da Nova School of Economics, a presidente da Nersant, Salomé Rafael, Pedro Magalhães, gestor de produto da Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), Edite Ferreira, administradora da Olitrém, e Ana Isa Protásio, vice presidente da CTR - Diffusion Technologies.
Salomé Rafael mostrou-se “preocupada quanto ao financiamento das empresas apesar deste pequeno crescimento que se tem vindo a assistir”. Considera que as exportações podiam crescer ainda mais se as empresas fossem capitalizadas. A líder da associação empresarial Nersant destacou ainda a formação avançada que tem sido dada aos empresários e que tem dado “excelentes resultados”. No último ano e meio foi dada formação a mais de 500 empresários. Já quanto às universidades, diz terem conhecimento mas fica “dentro das instituições de ensino e não é passado às empresas”, afirmou.
O gestor de produto da IFD, Pedro Magalhães, falou na “fraca rentabilidade das empresas” e explicou que aquela instituição “não é um banco de fomento”, apenas “tem a missão de facilitar o acesso ao crédito por parte das empresas”, referiu.
A presidente da administração da Olitrém, Edite Ferreira, explicou que o segredo do sucesso da sua empresa tem sido a “inovação, exportação, produtos à medida do cliente e a aposta em vários mercados para não ficar dependente de um só”, disse.
Ana Isa Protásio contou que a CTR - Diffusion Technologies tem uma fábrica em Portugal e também na China com cerca de 1500 funcionários. “Fomos para a China porque o nosso produto tem uma vertente altamente tecnológica e os chineses são bons nisso. A mão-de-obra já não é assim tão barata como pensam. A localização geográfica estratégica também contou na decisão de ir para a China”, explicou.
Críticas à banca e elogios à Garval
Quando o moderador abriu o debate não houve intervenção de nenhum empresário mas O MIRANTE foi perguntar como tem sido o acesso ao crédito por parte das empresas. Para António Cruz Costa, da Inducol, o acesso ao crédito tem sido excelente. “No futuro há motivos para os empresários sorrirem porque os investidores vão querer continuar a investir em algumas áreas como por exemplo o calçado e o têxtil. Já aquelas empresas que exportavam para a Rússia vão continuar a sofrer enquanto durar o boicote aos produtos europeus”, diz. Quanto à parceria com a Garval “tem sido excelente para a Inducol”.
Vítor Rego, administrador da Festivo Começo, não é da mesma opinião quanto ao acesso ao crédito. “A banca não tem facilitado. Os bancos gerem conforme a confiança que têm nas empresas. Se não têm confiança não emprestam e mesmo que tenham confiança complicam. Para além do mais o crédito é muito caro. Já tive situações complicadas que acabaram por ter a intervenção da Garval e lá consegui”, diz.
O empresário diz que há sempre esperança no futuro. “Parece que vão abrir umas linhas de crédito agora mas eu já ouvi há dois anos esse discurso em Torres Novas. A grande questão agora é para quando”. O trabalho com a Garval não foi fácil de início mas, há cerca de um ano, a sociedade abriu a porta ao empresário para fazer o crédito que tem hoje e adianta que nesta fase está já a negociar outro crédito.
“Algumas instituições bancárias cortaram muito o acesso ao crédito”, explica Ana Carla Lopes, gerente da empresa de construção civil HACL. “Nesta altura notam-se algumas melhorias, muito poucas, mas começam a aparecer. Vamos ver o que o futuro nos reserva”, diz cautelosa. A engenheira conta que “no período da crise a banca não ajudou em nada. Se no futuro há motivos para sorrir? Um sorriso não muito alargado”, diz. A empresa tem a parceria com a Garval há vários anos. “Os bancos começaram a empurrar as garantias para a Garval mas de facto o crédito tem sido mais acessível e barato por estarmos associados à Garval”.
Também Liliana Travessa, da RTR Metalomecânica, prestadora de serviços na área da concepção, reparação, recuperação e manutenção de equipamentos, está satisfeita com a parceria com a Garval e diz acreditar sempre no futuro. “Esta parceria com a Garval é uma mais-valia, é sempre uma garantia e dá-nos alguma segurança”, conclui.