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Estrangeiro a trabalhar ilegalmente em Alpiarça notificado para abandonar o país 

Leio notícias como esta, do trabalhador estrangeiro a quem foram dados vinte dias para abandonar o país por estar a trabalhar sem autorização para tal, como simples curiosidades que não explicam nada e que a servirem para alguma coisa servem apenas para enaltecer o trabalho das nossas autoridades que são incansáveis na apanha do imigrante sem papéis e para reforçar a ideia feita de que os imigrantes são uma das causas para os problemas nacionais, a começar pelo problema do desemprego.
Como é sabido imigrantes sem a sua situação regularizada são vários milhões em todo o mundo e em Portugal calcula-se que sejam mais de trinta mil, tendo em conta apenas os que, apesar de ilegais, descontam para a Segurança Social.
Sobre este assunto estive atento ao que já se escreveu sobre o “Relatório Estatístico Anual 2016 – Indicadores de integração de imigrantes”, que foi apresentado na sexta-feira, e fiquei mais esclarecido e menos permeável ao discurso de quem anda a ver hordas de estrangeiros a roubar empregos aos nossos filhos e a sonhar com muros e outras barreiras.
O relatório, publicado pelo Observatório das Migrações, refere dados de 2013 e 2014 relativos a demografia, educação, aprendizagem da língua, trabalho, segurança social, acesso à nacionalidade, recenseamento eleitoral, sistema de justiça, discriminação e envio de remessas. É demasiado extenso mas tem dados sobre os quais vale a pena reflectir.
Nos anos observados os imigrantes continuaram a estar associados aos empregos que os trabalhadores portugueses não querem por serem exigentes, arriscados, mal pagos e precários. Quanto à remuneração dos imigrantes em geral é, em média, oito por cento mais baixa que a dos trabalhadores portugueses. Nesta média estão ordenados de trabalhadores qualificados na União Europeia que se encontram em Portugal e que ganham bem mais que os portugueses e remunerações 35 por cento mais baixas que as dos portugueses em trabalho idêntico.
Catarina Reis de Oliveira, coordenadora do relatório, refere uma realidade conhecida que é a do envelhecimento de Portugal e nota que o país só pode crescer por via da migração. No entanto, ocupamos o 20º lugar, entre os 28 países da União Europeia em número de estrangeiros por total da população residente (quatro em cada 100, quando a média europeia corresponde a sete em cada 100). Ou seja, não estamos a ser invadidos.
A coordenadora já referida diz que a população estrangeira está a contribuir para o aumento de efectivos em idade activa, com o consequente reforço da sustentabilidade da Segurança Social e para o aumento de nascimentos. Diz também que, por exemplo em 2014, as estrangeiras foram responsáveis por cerca de 9% do total dos nados-vivos de mães residentes em Portugal.
João Martins Tocha

Será que alguém sabe o que se passa com o call-center das marcações para o SEF - Serviço de Estrangeiros e Fronteiras? Todos os assuntos a tratar com o SEF exigem marcação prévia. Estou a tentar ajudar um cidadão estrangeiro a fazer uma marcação para tratar de um assunto e, apesar de inúmeras tentativas feitas ao longo dos últimos quinze dias, não conseguimos falar com nenhum dos operadores. Também experimentámos os números do SEF de Santarém mas tocam, tocam e ninguém atende. Acedi ao Portal da Queixa para reclamar mas desisti face ao volume de queixas relativas ao SEF e à pequeníssima percentagem de respostas às mesmas. Por conversas com outros estrangeiros percebemos que se trata de uma questão que está a atingir todos. Claro que não tem muita visibilidade porque os principais prejudicados são...estrangeiros!
Adelino Lourenço

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