Museu da vida de cristo em Fátima passa da imponência à insolvência
Investimento de 12 milhões de euros está ao fim de 10 anos nas mãos dos credores. O Processo Especial de Revitalização chegou a iniciar-se mas nas negociações não se conseguiu obter o acordo de todos os credores, depois de ter sido prorrogado o prazo para a conclusão das negociações.
O museu Vida de Cristo em Fátima entrou em insolvência após uma tentativa de implementação de um Processo Especial de Revitalização (PER). O futuro do museu com imagens de cera, que retratam os momentos mais importantes da vida de Cristo e da fé cristã, está agora nas mãos de duas dezenas de credores. Segundo o processo, que aguarda marcação de assembleia de credores no Juízo de Comércio de Santarém, está em causa um total de cerca de seis milhões de euros de dívidas.
Inaugurado há quase 10 anos, em Abril de 2007, o museu instalado num edifício imponente e moderno, que pretendia na altura receber 200 mil visitas anuais, não conseguiu ser auto-sustentável. Entre os principais credores, que reclamam os maiores volumes de dívida, estão instituições financeiras. Só a Caixa Geral de Depósitos, que tem uma hipoteca sobre o edifício, reclama mais de metade da dívida, com perto de quatro milhões de crédito concedido até ao montante de 4,9 milhões de euros.
A Garval - Sociedade de Garantia Mútua, é outro dos principais credores, reclamando 796 mil euros de um contrato celebrado em 2009 como garantia no empréstimo da Caixa Geral de Depósitos. Os problemas da empresa que explora o museu, a Vida de Cristo - Parques Temáticos Lda agudizaram-se no ano passado, após dois aumentos de capital (2009 e 2016), e foi nomeado em Junho de 2016, pelo Juízo de Comércio do Tribunal da Comarca de Santarém, um administrador judicial, sendo encetada então uma tentativa de avançar com a revitalização da empresa, que não se concretizou.
Um museu imponente
O museu é constituído por 210 figuras em cera distribuídas por 33 cenas, tantas como os anos que Jesus viveu. Algumas cenas incluem cascatas, outras reproduzem o deserto, rios e mar numa dimensão que, nalguns casos, atinge os 160 metros quadrados em cada cenário. O Santuário de Fátima colaborou na montagem do museu, que na altura representou um investimento de 12 milhões de euros, sem recurso a apoios públicos. As figuras foram concebidas e feitas por um ateliê de Londres, que também produz peças para o museu da Madame Tussaud.
Além da imponência da exposição de figuras de cera, o próprio edifício também se destaca, tendo sido desenhado pelo arquitecto Carlos Gonçalves. Tem 4.400 metros quadrados e foi concebido para garantir um elevado nível de poupança energética, sendo que a fachada é toda ventilada, as paredes têm 55 centímetros para garantir o isolamento e no tecto existe uma clarabóia com 21 metros de diâmetro que garante também uma luminosidade natural para o espaço.