“As PME para sobreviverem têm de estar sempre a inovar”
Nersant promove debate sobre “Os Desafios e a Aplicação da Indústria 4.0” com ex.ministro Mira Amaral como orador.
A Nersant – Associação Empresarial da Região de Santarém promoveu um debate sobre “Os Desafios e a Aplicação da Indústria 4.0” na Startup Santarém que teve o engenheiro e ex-ministro da Indústria Luís Mira Amaral como orador convidado, que tentou descomplicar o conceito. Numa altura em que os serviços ligados à indústria são praticamente tão importantes quanto a manufactura, a inovação é chave.
Em relação à importância desta Quarta Revolução nas PME, o antigo ministro garante que “uma PME tem de estar sempre a inovar, aliás as que sobrevivem é porque inovam, mesmo que não tenham consciência disso. Por isso, as PME naturalmente vão entrar nesta Revolução da Indústria 4.0. Mas não se trata de um ‘Big Bang’, é um processo evolutivo e natural”.
O orador destacou ainda a importância de aliar investigação às empresas e garante que “na investigação gastamos dinheiro para criar conhecimento, já a inovação empresarial pega no dinheiro que se investiu na investigação e aplica-o nas empresas para inovar. É uma transferência de conhecimento. Porque são as empresas que trazem dinheiro para a economia”.
Mira Amaral acrescenta ainda uma pequena crítica: “No tempo do meu amigo Mariano Gago (ministro da Ciência e Tecnologia), esqueceu-se a parte de investir o dinheiro nas empresas, desta forma o conhecimento perde-se”. Num ambiente descontraído, o orador fez ainda uma declaração que arrancou sorrisos ao auditório: “Foi para evoluir sempre que entrei na economia, depois entrei na política, mas arrependi-me a tempo e voltei à economia. Estava a ficar tecnologicamente obsoleto!”.
Esta quarta revolução industrial será um processo em curso. Para o engenheiro Mira Amaral a principal diferença da Indústria 4.0 é que envolve as Ciências da Vida: “Estamos na quarta Revolução Industrial, a revolução da convergência entre o mundo físico, as tecnologias digitais, os sistemas biológicos e as ciências da vida. Esta é a minha tese, não se trata só de digitalização, passa para o âmbito das ciências da vida, se virmos bem é isso que está a acontecer na indústria agroalimentar”.
Em relação aos constrangimentos e ao impacto social desta revolução, Mira Amaral destaca as previsões de que “10% a 15% dos actuais empregos no sector industrial irão desaparecer nos próximos 10 anos”, mas descansa o auditório, “serão criados tantos outros”.
Num debate animado, pautado por muitas questões dos cerca de 50 empresários presentes, o antigo ministro destacou a importância de apresentar, falar e discutir a Indústria 4.0 “de forma simples, sem grandes chavões nem palavras caras para não assustar as PME. Já que as PME já estão habituadas a inovar, esta quarta revolução é seguir o processo natural da digitalização”.
No final da sessão, as empresas foram convidadas a integrar os Grupos Temáticos de Inovação Partilhada, no âmbito dos quais será realizado um Diagnóstico Individualizado na empresa, com informação estruturada sobre a situação actual e potencial de implementação dos principais conceitos associados à Indústria 4.0. Uma sessão ao abrigo do projecto InovPME, cofinanciado pelo Alentejo 2020.