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A saúde de um doente é a minha primeira preocupação

A saúde de um doente é a minha primeira preocupação

Luis Marçal*

Na Cédula Profissional da Ordem dos Médicos está escrita uma frase do “Juramento de Hipócrates”:
-“A saúde do meu doente será a minha primeira preocupação”.
Infelizmente verifica-se cada vez mais que os colegas sobrecarregados das Urgências Públicas e dos Centros de Saúde, cada vez menos, estão com capacidade para cumprir “esta máxima”.
Depois da 1ª. tentativa - quase totalmente conseguida – feita por Leonor Beleza de dividir a classe médica, ao pagar diferentemente à hora a quem trabalhava 36 horas e a quem trabalhava 42 horas, os sucessivos ministros , do PS ou PSD, com exceção honrosa do Dr. Paulo Mendo, foram desinvestindo na saúde dos portugueses, de tal modo que doentes graves que outrora eram enviados à urgência hospitalar e eram internados para estudo e diagnóstico, agora são apenas observados por médicos estrangeiros indiferenciados e com pouca experiência que pedem análises e eletrocardiogramas perfeitamente inúteis em determinadas situações, não chegam a qualquer diagnóstico e devolvem-nos para casa.
De fato, fico triste e desolado com a situação a que chegou o Serviço Nacional de Saúde tal como o conheço na actualidade. Sem médicos nos postos médicos, e falo especificamente do Centro de Saúde de Salvaterra de Magos, onde trabalhei mais de vinte anos, e onde vivo desde sempre.
Não há médicos suficientes, os doentes não têm acesso à medicação necessária, que agora só pode ser vendida mediante a apresentação de receita médica, decisão com a qual concordo, o que faz que “Médicos” menos escrupulosos se deem ao luxo de deixar distribuir folhetos, anunciando que se passam receitas a troco de sabe-se lá de quê.
É o descalabro e uma indignidade para os médicos que se orgulham desse título. Desde há alguns anos o curso de Medicina foi muito procurado pelo prestígio e era “vox populi” que os médicos ganhavam muito.
Tal não é verdade. Se foram para Medicina com esse fito esqueçam! – Os médicos são mal pagos, assalariados comuns, sem o prestígio de outrora trabalhando inúmeras horas semanais para manter uma vida digna.
“A saúde do meu doente será a minha primeira preocupação”, foi chão que deu uvas. Os sucessivos Ministérios da Saúde, com o desinvestimento contínuo e permanente, tornaram a saúde num luxo, apenas acessível a quem tem dinheiro, retrocedendo 50 anos na evolução dos serviços de saúde deste país.
* Clínico Geral

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