Amigos que morreram em caminhada relataram má disposição após ingestão de plantas
Filipe Namora, 43 anos, de Santarém, e Ricardo Marques, 35 anos, de Alpiarça, estariam a praticar ‘geocaching’
Os dois amigos que morreram no sábado, 6 de Maio, em Alcanhões, Santarém, quando faziam uma caminhada de resistência, relataram por telefone momentos de “desorientação e indisposição após ingestão de ervas”, disse o comandante dos Bombeiros de Pernes.
Em declarações à agência Lusa, o comandante José Viegas disse que os dois homens, de 35 e 43 anos, caminhavam em zona rural quando pediram auxílio pelo 112, cerca das 15h40, tendo uma das vítimas mortais relatado ao telefone que “ambos tinham comido umas plantas” e que se estavam “a sentir mal, com sintomas de indisposição, convulsões e desorientação”, tendo dado como referências de localização “um marco da linha de água e que estavam perto da localidade de Pernes”, a poucos quilómetros de Alcanhões, no concelho de Santarém.
“Quando tentei ligar de volta o homem já não atendeu mais”, disse o comandante dos Bombeiros de Pernes, tendo relatado que foram enviados para o terreno quatro viaturas e oito homens que viriam a encontrar os dois amigos, já sem sinais de vida, perto das 17h00, “a uma distância superior a cinco quilómetros”, algures entre Pernes e Alcanhões.
“O relato de ingestão de plantas com estas consequências é uma situação muito estranha, nunca aqui aconteceu, mas o que se passou ao certo é uma situação que só a autópsia poderá revelar”, observou Viegas, tendo avançado que os corpos dos dois homens “não apresentavam sinais de violência ou sinais de agressões”.
Filipe Namora, 43 anos, de Santarém, e Ricardo Marques, 35 anos, de Alpiarça, estariam a praticar ‘geocaching’, um jogo em que os participantes seguem a pé as coordenadas indicadas por GPS até encontrarem uma caixa, tendo o comandante dos bombeiros referido que o primeiro dos homens a desfalecer era o que estava equipado com o sistema de georreferenciação.
“O homem que telefonou não estava equipado com o sistema de georreferenciação, as indicações eram um pouco vagas, e a busca foi uma luta contra o tempo. Demorámos cerca de uma hora a encontrar os dois homens, que estavam num caminho rural que acompanha a conduta da linha de água da EPAL, que liga a nascente do Alviela a Lisboa, e estavam próximos um do outro, mas já cadáveres”, acrescentou.
Fonte do Instituto de Medicina Legal disse à Lusa que a autópsia, que deverá ajudar a perceber as circunstâncias em que ocorreram as mortes, “vai decorrer no Hospital Vila Franca de Xira”, não tendo precisado a data de realização da mesma.
A investigação está a decorrer sob a responsabilidade da Polícia Judiciária de Lisboa.