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Morreu o jornalista e escritor Baptista-Bastos
Baptista-Bastos

Morreu o jornalista e escritor Baptista-Bastos

Era um jornalista solidário e um homem de causas. Tinha uma grande proximidade com a imprensa regional. Morreu aos 83 anos o autor do romance “As Bicicletas em Setembro” que muitos de nós lemos ainda há tão pouco tempo comovidos e rendidos à sua arte de ficcionista. Chamava-se Baptista-Bastos e dizia que tinha um “ofício urbano: perfilar palavras com razoável dose gramatical”.

Morreu o escritor e jornalista Armando Baptista-Bastos. A sua morte foi anunciada na terça-feira, 9 de Maio. Tinha 83 anos. O escritor estava internado há algumas semanas numa unidade hospitalar de Lisboa. Baptista-Bastos é autor de dezenas de livros entre a ficção, o conto e a crónica. “O Secreto Adeus” (1963), “Cão Velho entre Flores” (1974), “A Colina de Cristal” (2000), “No Interior da Tua Ausência” e Viagem de um Pai e de um Filho pelas Ruas da Amargura” (2008) são alguns dos títulos cimeiros da literatura portuguesa dos nossos tempos.
Baptista-Bastos trabalhou nos jornais A República, O Século e Diário Popular, entre muitos outros órgãos de comunicação social. Foi um dos fundadores do jornal semanário O Ponto onde fez história com as suas entrevistas.
Era um jornalista solidário e um homem de causas. Tinha uma grande proximidade com a imprensa regional e com os jornalistas que trabalham longe dos centros de decisão. Chegou a escrever crónicas para O MIRANTE em tempo de edição de aniversário salientando essa ligação às raízes e ao amor pela profissão.
Mais conhecido como jornalista do que como escritor de romances Baptista-Bastos deixa no entanto uma Obra literária que muitos críticos consideram uma das maiores e mais importantes no panorama da literatura portuguesa dos últimos anos.
Em todos os seus livros Baptista Bastos escreve sobre a descoberta do amor, conta históras de pais e filhos, vai e vem da infância para a idade adulta, reafirma as memórias, confirma as esperanças, insiste nos combates e na sua linguagem deslumbrante usa e abusa nas denúncias.
Era um jornalista respeitado e um escritor com muitos prémios mas nunca se rendeu ao elogio fácil. Escreveu no fio da navalha até aos últimos dias; sempre do lado dos mais esquecidos e injustiçados. As suas “Conversas Secretas” na SIC foram um exemplo de como é possível fazer melhor televisão num país rendido às novelas e aos programas de entretenimento para ociosos.
Os livros onde reuniu muitas das suas Crónicas e “As Palavras dos Outros” mostram como era na vida real: Um escritor e jornalista de afectos mas também de muitas crueldades. No livro “Lisboa Contada pelos Dedos”, onde diz que começou a escrever crónicas por precisar de arredondar a conta do fim do mês, fala de Ramalho Ortigão, Fialho de Almeida e Guilherme de Azevedo que considera os três maiores cronistas do século XIX, os melhores herdeiros de Fernão Lopes, em cuja Obra “não há paixões ambíguas mas sim o culto da comunidade, o gosto da escrita, o registo da agitação, o intenso prazer do movimento geral das coisas”, tudo aquilo que hoje também se ajusta dizer sobre a sua própria Obra.
Morreu aos 83 anos, numa cama de hospital, o autor do romance “As Bicicletas em Setembro” que muitos de nós lemos ainda há tão pouco tempo comovidos e rendidos à sua arte de ficcionista: Chamava-se Baptista-Bastos e dizia que tinha um “ofício urbano: perfilar palavras com razoável dose gramatical”.

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