Martinho da Silva perpetuado na toponímia de Santarém
Nome do decano advogado foi dado a rua do bairro de São Domingos
Foi num tom emocionado que o decano dos advogados de Santarém, Joaquim Martinho da Silva, pediu para se “levantar bem alto a bandeira de Santarém” no momento do descerramento da placa toponímica com o seu nome no sábado, 20 de Maio, na artéria entre a Rua Marquês de Pombal e a Avenida Dr. Carlos Abreu, em Santarém. Uma cerimónia que juntou familiares, amigos e advogados da cidade para homenagearem aquele que o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, considerou o “patrono de muitos advogados da cidade”.
“Trabalhemos pela nossa cidade”, pois esta “precisa de nós”, apelou Martinho da Silva demonstrando o seu grande apreço pela cidade que acolhe a sua família há 100 anos. O ilustre advogado natural de Espinheiro, concelho de Alcanena, já tinha sido distinguido com a Medalha de Ouro da Cidade, tal como os seus parentes já falecidos Joaquim dos Santos Martinho e de António Martinho do Rosário, mais conhecido por “Bernardo Santareno”.
Martinho da Silva lembrou ainda, em tom de graça, que era conhecido nalguns alfarrabistas em Lisboa como o ‘maluquinho por Santarém’”, devido à paixão que continua até aos dias de hoje em coleccionar todo e quaisquer documentos sobre a cidade e a sua história. Um facto que não foi esquecido por Ricardo Gonçalves que agradeceu a Martinho da Silva todos os documentos que adquiriu sobre a cidade e que generosamente doou ao município.
Martinho da Silva, nascido no Espinheiro a 8 de Abril de 1931, dedicou a sua vida à justiça e à cidadania. Estudou no Liceu Sá da Bandeira, em Santarém, e estudou Direito em Lisboa. Começou a exercer advocacia em 1959 em Santarém, onde se tornou uma referência cívica e um exemplo pela sua postura, ética e interesse pela causa pública. Foi formador e responsável de várias gerações de advogados, membro do conselho geral da Ordem dos Advogados, subdelegado do Procurador da República e fundador do Partido Socialista em Santarém. Foi também membro activo do movimento associativo e cultural da cidade, tendo ajudado a fundar a Casa do Benfica de Santarém e a Associação Forense. Reformou-se em 1 de Maio de 1996, mas continuou a actividade até 2004, ano em que recebeu a Cruz da Ordem Internacional do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral.