Primeiros passos do Serviço Nacional de Saúde também foram dados em Santarém
António Leal Lopes falou sobre o “O Estado Social e o Futuro do SNS” num jantar/debate organizado pelo Rotary Clube de Santarém.
Foi em Santarém que foi produzido o documento que antecipou a criação do grupo de trabalho do SNS (Serviço Nacional de Saúde), no final da década de 1970, revelou o actual consultor sénior do Ministério da Saúde e cofundador do SNS, António Leal Lopes, num jantar/debate sobre o tema “O Estado Social e o Futuro do SNS” organizado pelo Rotary Clube de Santarém.
O “menino irreverente que queria mudar a saúde”, como se auto-definiu, não tem dúvidas que o SNS só existe graças a uma economia minimamente saudável. “Sem crescimento económico não há estado social e sem estado social não há SNS”, admite António Leal Lopes, natural de Pernes, concelho de Santarém.
Numa óptica de futuro, o confundador do SNS perspectivou quatro problemas na saúde que terão de ser resolvidos, nomeadamente doenças como o cancro e as doenças neurológicas, reumatológicas e mentais, perspectivando que três em cada cinco pessoas que nascerem daqui a 10 anos vão contrair um cancro.
Outra questão pertinente é a do envelhecimento da população, estimando-se que em 2080 existirão sete milhões e quinhentos mil idosos em Portugal e serão necessários mais cuidados de saúde integrados e no domicílio.
Em relação às novas tecnologias, referiu que os equipamentos médicos serão mais caros e terão cada vez mais de ser renovados em gerações mais curtas o que vai obrigar a um maior esforço por parte do Estado. Quanto ao financiamento do sistema, adianta que, já este ano precisaríamos de 5,2% do PIB (Produto Interno Bruto), o que equivale a mais de mil milhões de euros no orçamento da saúde, porque “temos de cuidar dos recursos profissionais”, ao nível da qualificação através da formação profissional e “temos de integrar os profissionais”.
António Lopes acredita que, se houver um crescimento balanceado e um equilíbrio das finanças públicas de acordo com a evolução que o país passou nos últimos tempos, será cumprida a premonição do ministro dos Assuntos Sociais do II Governo Constitucional e “pai” do SNS, António Arnaut, que dizia que “o SNS é um cravo de Abril plantado no chão de Portugal”.