Queixas dos grupos de teatro profissional de Vila Franca de Xira são “injustas”
Presidente do município não esconde o incómodo pela forma como os grupos de teatro profissional se pronunciaram sobre o assunto e fala na necessidade de serem criados critérios “claros e inequívocos” para atribuição de apoios no futuro.
Pelo terceiro ano consecutivo a atribuição de apoios às companhias profissionais de teatro do concelho de Vila Franca de Xira continua a dar polémica e agora é a vez do presidente da câmara, Alberto Mesquita, vir dizer que as recentes críticas feitas pelos grupos profissionais “não são justas” para a câmara, sobretudo depois de todo o trabalho e empenho que tem sido colocado pelo município no apoio àquelas estruturas culturais.
Recentemente, recorde-se, as duas companhias profissionais de teatro do concelho, Cegada e a Inestética, criticaram a redução nos financiamentos e suspenderam a programação que estava prevista para este ano. “Não é justo algumas situações e posições públicas que têm vindo a acontecer. Não é justo para todos nós. Temos que encontrar critérios claros e inequívocos que sejam confortáveis para todos e que permitam, no futuro, especificar o que é teatro amador e teatro profissional. Esta é a questão de fundo em que todos nós e os agentes culturais têm de trabalhar”, criticou o autarca na última reunião pública do executivo.
Na origem do diferendo está o facto da câmara ter apoiado financeiramente este ano, ao abrigo do Programa de Apoio ao Movimento Associativo (PAMA), todos os grupos de teatro por igual e em função da actividade realizada, não discriminando profissional de amador. A câmara garante que este ano “há muito mais dinheiro colocado no teatro” do que no ano passado e que tanto o Cegada como o Inestética, na soma dos diferentes protocolos de apoio assinados com a câmara ao longo do ano, “viram as suas verbas aumentar residualmente” em relação ao ano passado.
“Não só aumentámos os valores como nenhum grupo viu reduzido o seu valor da câmara”, afiançou Fernando Paulo Ferreira, vereador com o pelouro da cultura, na última reunião pública do executivo. “Os grupos que mais recebiam, este ano, na soma dos diferentes protocolos, recebem mais. Eles precisam de perceber é que é preciso adaptar a forma como se candidatam e como trabalham administrativamente os processos com a câmara. Têm todas as condições para verem aumentados os seus valores se eles se candidatarem aos programas de apoio municipais, coisa que não aconteceu o ano passado”, lamenta. E dá o exemplo do programa de apoio à criação cultural. “Tínhamos 60 mil euros à disposição e só houve candidaturas para 30 mil euros. Há aqui margem para esses grupos poderem aproveitar”, explica o responsável.
O presidente da câmara, Alberto Mesquita, continua a eleger o investimento na cultura como importante e vê com satisfação o elevado volume teatral que acontece no concelho. “Houve uma reunião há alguns dias com todos os grupos e penso que pode ter aberto algumas perspectivas para se encontrar critérios. Disponibilizar meios financeiros sem critérios é não ter uma atitude séria na gestão dos dinheiros públicos”, conclui.