Férias acabaram em tragédia para família da Póvoa de Santa Iria
Mãe e duas filhas morreram no incêndio de Pedrógão Grande ao tentarem fugir das chamas. Pai salvou-se porque seguia noutra viatura. Susana, Joana e Margarida são três das 64 vítimas mortais da catástrofe. As jovens eram ginastas da Euterpe Alhandrense.
Três membros de uma família da Póvoa de Santa Iria, no concelho de Vila Franca de Xira, estão entre as 64 vítimas mortais do incêndio florestal que deflagrou no sábado, 17 de Junho, em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, a quase 200 quilómetros da cidade onde residiam. Susana Pinhal, 41 anos, e as filhas, Joana, de 15, e Margarida, de 12, estavam de férias numa casa que tinham naquele concelho, juntamente com o marido e pai, Mário Pinhal, e com os avós paternos e uma tia que se salvaram.
Na altura em que se apercebeu do incêndio, Mário incentivou-as a sair da casa onde estavam com os outros elementos da família, como contou ao jornal Público: “Quando me apercebi que o incêndio era muito violento e que os eucaliptos estavam a tombar e a serem sugados pelo fogo, disse para a minha mulher: ‘Prepara as miúdas e agarra no carro que têm que sair daqui para fora’”. Mário seguiu então numa viatura com os pais e uma tia, e Susana, Joana e Margarida seguiram noutro veículo, que acabou por ser apanhado pelas chamas na Estrada Nacional 236, que ficará conhecida como “Estrada da Morte”.
Susana trabalhava na fábrica da Greif, na Póvoa de Santa Iria, onde era dirigente da comissão de trabalhadores.
Joana frequentava o 9º ano na Escola D. Martinho Vaz de Castelo Branco e Margarida o 6º ano na Escola Aristides de Sousa Mendes. Eram ambas atletas da equipa de ginástica acrobática do pólo da Sociedade Euterpe Alhandrense, que recebeu a notícia com pesar e decidiu homenageá-las com um minuto de silêncio antes de cada actividade desportiva e cultural que realizem nos próximos dias.
Carolina Pinheiro, amiga das duas irmãs e colega delas na Euterpe, recorda-as com carinho: “Conheci-as na ginástica, elas eram super simpáticas e como eu era mais velha falavam comigo sobre tudo e eu ajudava-as bastante. Eram dedicadas no que faziam e nunca desistiam e tinham bastante jeito para realizar as figuras da ginástica. Todas as pessoas gostavam delas, eram bastante amistosas. Nem sei bem o que dizer mais, ainda estou um bocado chocada com isto tudo. Só sei que elas não mereciam, eram excelentes miúdas”.
Também Jorge Zacarias, presidente da Euterpe Alhandrense, recorda as duas jovens como “atletas empenhadas” e louva o espírito “sempre disponível para o que lhe pedíssemos” da mãe, que acompanhava as filhas em tudo. “A Margarida era uma das nossas melhores atletas de trampolins. Tinha imenso potencial”, recorda uma funcionária da Euterpe.
Margarida e Joana já se tinham juntado a essa equipa depois de terem estado na ginástica acrobática durante quatro temporadas. Num dos torneios disputados em Lisboa, Margarida conseguiu alcançar o 2º lugar e Joana foi juíza da competição. No ano que vem começariam a competir a um nível mais elevado na classe de trampolins.
Os pêsames e demonstrações de luto e saudades espalharam-se pelas redes sociais, tendo sido até criadas três páginas em memória da mãe e das duas meninas, onde dezenas de mensagens de carinho foram deixadas por quem as conhecia.