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Atitude

Por enquanto somos um país de excelentes exemplos mas, lamentavelmente, não conseguimos generalizar, até porque a mais das vezes o mérito/atitude não é devidamente reconhecido, antes pelo contrário. Será que algum dia vamos mudar?

Conheci a Pipa quando ela era criança. Já nessa altura não enganava muito pela atitude e personalidade. Nunca mais vi a Pipa, hoje já crescida, mas soube de uma história que vale a pena partilhar. Tem a ver com aquela pequena coisa que faz uma grande diferença, a atitude. A atitude é, provavelmente, o recurso que mais escasseia e que mais falta faz a Portugal. Nesses já longínquos anos, a Pipa partiu com os pais (pai adotivo) pelo mundo. Bem ao jeito do português, aventura pelo mundo fora. Desta “aventura” resultou uma vida e uma educação invulgares, designadamente pelo contacto direto com algumas personalidades de dimensão global. Durante esses anos, apesar da relação de amizade familiar, só de forma muito pontual fui sabendo de alguns episódios dessa diversificada experiência de vida e interrogava-me sobre a educação e estabilidade das meninas – a Pipa tem uma irmã.
Entretanto, passado o tal tempo, a família regressa ao pacato Alentejo. A Pipa ingressa na Universidade e escolhe uma formação que, desde logo, sem mais, me parece muito inteligente e adequada, Relações Internacionais. Não sei, mas palpita-me que os pais nenhuma influência tiveram nesta escolha do curso. Sei, isso sim, que a Pipa terminará a licenciatura no próximo ano. Todavia, embora ainda estudante não ficou parada. De visita a Lisboa veio uma das personalidades que em tempos idos conheceu na “aventura” dos pais. A moça não esteve de modas, viajou para Lisboa e conseguiu chegar à conversa com o dito senhor. Resultado: irá em breve acompanhar/assessorar o homem numa missão internacional durante três meses. Para uma, ainda, estudante, é um bom começo. Todos compreendemos a diferença desta história relativamente ao quadro habitual. Será que isto da atitude se ensina na Universidade? Olho para a generalidade da nossa atitude, como coletivo, e… Por enquanto somos um país de excelentes exemplos mas, lamentavelmente, não conseguimos generalizar, até porque a mais das vezes o mérito/atitude não é devidamente reconhecido, antes pelo contrário. Será que algum dia vamos mudar?
PS – acresce um pormenor não displicente: a Pipa é dotada de bons atributos de beleza feminina, é modelo, e por isso pagam-lhe para fazer um corte de cabelo que vai estar na moda. Isto é, o normal seria a Pipa conformar-se, pelo menos para já, com este modo de vida “mais fácil”.
Carlos Cupeto
Universidade de Évora

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