
Cartazes mandados retirar em Vila Franca de Xira são obrigatórios em obras financiadas
Presidente da câmara pede intervenção do Tribunal Constitucional dizendo que há muitas dúvidas
O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira vai recorrer ao Tribunal Constitucional para que este esclareça a decisão da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de mandar retirar os painéis de obras financiadas no concelho. Alberto Mesquita, em declarações a O MIRANTE, refere que há uma série de dúvidas e de obrigações legais que entram em choque nesta questão. O autarca tomou esta posição depois de a CNE ter enviado o caso para o Ministério Público, alegando que o município não cumpriu a ordem, quando o presidente garante que os cartazes foram retirados em tempo útil, logo após ter sido notificado, e que a comissão nem sequer se pronunciou sobre o contraditório exercido pela câmara.
Alberto Mesquita sustenta que os painéis das obras foram colocados para cumprir uma exigência das candidaturas aprovadas aos fundos comunitários, que obrigam os municípios a divulgarem as obras a executar e as entidades financiadoras. O autarca diz que cumpriu a decisão da CNE e não entende por que motivo o caso foi enviado para o Ministério Público. Sublinha ainda que, em seu entender, “existe uma interpretação da lei que não está correcta” e que nestas situações “tem de haver equidade”, já que passa em muitas localidades do país onde também existem cartazes que ninguém manda retirar.
O presidente e recandidato pelo PS considera que “não devia ser necessário andar a fazer queixinhas e que a CNE é que devia agir de igual modo em todo o território”. Para o autarca a retirada dos cartazes prejudica a população que fica privada da informação que é obrigatória prestar. “Este é um tipo de combate político que só prejudica a população, que olha para isto com perplexidade, tal como nós”.
Recorde-se que o caso chegou à CNE através de queixa da CDU. A coligação liderada pelo Partido Comunista acusava o actual executivo (liderado pelo PS) de “utilizar meios do município para “fazer propaganda eleitoral” para as autárquicas de 1 de Outubro. A Comissão Nacional de Eleições justifica que a partir do momento em que é marcada a data das eleições é proibida a publicidade institucional por parte dos órgãos do Estado e da Administração Pública de “actos, programas, obras ou serviços”, tendo mandado retirar os cartazes.
Mesquita lembra que a autarquia foi notificada para se pronunciar sobre a queixa da CDU, salientando que foi enviado o contraditório. “Ficámos a aguardar uma resposta e o que recebemos foi uma notificação para retirar os cartazes, sem qualquer resposta sobre o contraditório. Nem sequer uma vírgula sobre a nossa posição”, explica o presidente, sublinhando que a falta de resposta é uma das questões que vai ser colocada ao Constitucional para se pronunciar.
A queixa da Comissão Nacional de Eleições ao Ministério Público alega que a Câmara de Vila Franca de Xira, não retirou os cartazes, “em tempo útil”, o que Alberto Mesquita refuta. “Os factos participados à Comissão Nacional de Eleições integram publicidade institucional proibida, pelo que foi determinada a sua remoção, sob pena de se incorrer na prática do crime de desobediência”, disse à agência Lusa a CNE.
Ainda antes da decisão de mandar remover os painéis, o presidente da câmara garantia que iria mandar retirá-los, caso fosse esse o entendimento da comissão.
