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Ex-assessora de Moita Flores em Santarém também viajou à conta da NOS

Ex-assessora de Moita Flores em Santarém também viajou à conta da NOS

Ana d’Avó é quadro da câmara a quem foi requisitada pelo Ministério da Saúde por interesse público.

A funcionária da Câmara de Santarém, Ana d’Avó, cedida a pedido do Ministério da Saúde “por interesse público” para as funções de directora de comunicação dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), é uma das principais envolvidas na polémica das viagens pagas à China. A técnica, que ganhou projecção na autarquia na altura em que Moita Flores era presidente, chegando a ser coordenadora de uma fundação inventada pelo ex-autarca, a Fundação da Liberdade, que nunca foi legalmente criada, tem uma agravante em relação aos outros envolvidos: é que a técnica passou mais dias no país asiático, o que saiu mais caro.
Na viagem à China, em 2015, Ana d’Avó foi acompanhada de mais quatro colegas que partiram no dia 2 de Junho e voltaram no dia 7 do mesmo mês, com tudo pago pela operadora NOS, segundo revela “O Observador”. Mas a funcionária dos quadros da Câmara de Santarém ficou mais uma semana no país asiático. O adiamento do regresso custou mais 790 euros, pagos pela operadora de telecomunicações, que fez 11 contratos com os SPMS, segundo o “Eco”, após estas viagens.

O caso de violência doméstica
O percurso de Ana d’Avó ao serviço da Câmara de Santarém foi algo conturbado, quando em 2012, quase no final do mandato, veio a público o caso de violência doméstica da funcionária contra o então marido, que acabaria condenado na pena de dois anos e dois meses de prisão, suspensa por igual período. No início do julgamento o acusado afirmou que os problemas conjugais se complicaram quando a mulher começou a trabalhar mais directamente com Moita Flores, como assessora.
O ex-marido da técnica foi acusado pelo Ministério Público, em Junho de 2011, quando esta comunicou que queria o divórcio, de lhe ter agarrado no braço apertando-o com força e de a ter atingido com a chave do carro no peito. Ressalvando que não acreditava que esta tivesse um “relacionamento” com o autarca, o arguido salientou ao tribunal que o comportamento de Ana d’Avó se alterou com a sua ascensão na câmara e que lhe fazia confusão a proximidade que esta tinha com o então presidente.

De auxiliar de educação a assessora
Ana d’Avó entrou em 2003 no município como técnica auxiliar de educação. Em 2009, no âmbito de um concurso, já Moita Flores dirigia a Câmara de Santarém há cerca de quatro anos, entra para as funções de técnica superior de comunicação, passando depois a trabalhar mais directamente com o então presidente. Entretanto é nomeada de forma irregular para coordenadora dos projectos Fundação da Liberdade, Campos da Justiça e Cluster do Cavalo, num despacho assinado pelo vereador João Leite, sem que o executivo camarário tivesse aprovado a criação das equipas de trabalho, como obriga a lei.
Enquanto coordenadora do Campus da Justiça era responsável pelas instalações da antiga Escola Prática de Cavalaria. Em 2012, num acordo entre a câmara e o Ministério da Justiça, os tribunais da Concorrência e do Trabalho instalaram-se no local e os primeiros tempos foram polémicos, com funcionários a dificultarem o acesso dos cidadãos ao local.
Como O MIRANTE noticiou na altura, um empresário que sofreu um acidente de trabalho e tinha dificuldades em andar foi obrigado a deixar o carro na rua e ir a pé ao Tribunal do Trabalho, numa distância de mais de 500 metros. Um jornalista de O MIRANTE que tinha autorização do Ministério da Justiça para fazer a reportagem da mudança do Tribunal do Trabalho também foi barrado à entrada e só conseguiu entrar acompanhado de um funcionário, que não largou o jornalista até este terminar o trabalho.
Com a saída de Moita Flores da câmara, renunciando ao cargo em 2012 a um ano do fim do mandato, Ana d’Avó meteu licença sem vencimento e posteriormente é requisitada para o Ministério da Saúde.

Ex-assessora de Moita Flores em Santarém também viajou à conta da NOS

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