Oportuno Manuel Serra d’Aire
A chamada geringonça de esquerda que está no poder em Portugal está a produzir réplicas no poder local, embora com sinais diferentes que até proporcionam alianças à primeira vista contranaturas. Confesso que ver o PCP e o PSD e CDS engajados em jogos de poder em Alpiarça (e logo em Alpiarça, bastião comunista por excelência) nunca me passou pela cabeça. E se eu tenho imaginação fértil no que toca a teorias da conspiração e cenários escaganifobéticos...
Pois bem, desta vez falhei redondamente. Mais uma vez fica provado que não há nada como um inimigo comum para compatibilizar gentes de tão diversa proveniência ideológica e política. E, no caso, o inimigo é o PS, personificado pelo veterano Rosa do Céu, que queria ser presidente da assembleia municipal mas os comunistas (com a preciosa ajuda de um voto em branco, vá lá saber-se de quem, pois o voto é secreto...) não deixaram. O que demonstra que o homem continua a ter um grande poder de agregação na terra natal, embora seja contra ele. Resta dizer que as listas da CDU e do PS para a mesa da assembleia tiveram o número de votos correspondentes ao número de eleitos que têm nesse órgão e que a coligação PSD/CDS/MPT tem apenas um elemento nesse órgão. Acho que não é preciso fazer um desenho nem dizer mais nada...
E se Santana Lopes, na sua apresentação como candidato à liderança nacional do PSD, disse que nunca frequentou eventos organizados pela esquerda, então deve ficar preocupado caso leia este arrazoado, porque também na freguesia de Alverca e Sobralinho os comunistas e a coligação de centro-direita fizeram um entendimento pós-eleitoral para garantir a governabilidade à CDU. Que as alterações climáticas estão a causar mutações nos ecossistemas e nas espécies já se sabia, mas que podiam motivar mudanças tão radicais e aceleradas é preocupante. Um dia destes vemos o CDS a defender a colectivização dos meios de produção e os comunistas a tecerem loas ao patronato. O que, obviamente, cria confusão a quem quer decidir na altura do voto. Eu, devido a estes casos, já pensei em pedir apoio psicológico.
Não me surpreendeu que o material de guerra que desapareceu dos paióis de Tancos tenha aparecido na semana passada na zona da Chamusca. O que me deixou de boca aberta é que não tenha sido no Eco Parque do Relvão, onde se trata e recicla materiais em fim de vida, como alguns dos que andavam desaparecidos, segundo disseram algumas más línguas. De qualquer forma, o caso deu publicidade gratuita durante alguns dias à vila, que assim não precisou de fogos nem de cheias para ser notícia. Quanto não valeu isto em termos de marketing turístico?
Por isso deixo aqui uma sugestão à Câmara da Chamusca, pois há que explorar estas oportunidades que surgem uma vez na vida: que tal colocar um singelo monumento (já não digo uma capelinha, pois parece-me exagerado) no local onde apareceu esse material de guerra, não a imberbes pastorinhos mas a façanhudos inspectores da Polícia Judiciária Militar? Tem que se começar por algum lado e pode ser que a história se repita...
Aceita um salamaleque do
Serafim das Neves