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Vila de Rei, Sardoal e Abrantes

(…) custa sentir que os autarcas não trabalham e aproveitam este magnífico produto turístico que lhes entra pelo território adentro. Como é que Abrantes fica parada e não vê passar as motos, isto é, não dá pela EN2?

Desculpem voltar às motos (motociclistas são bem piores que caçadores e pescadores quando se pegam a conversar…) mas Vila de Rei, Sardoal e Abrantes pedem isso.
O referencial de partida é muito próximo do habitual. Somos um país fabulosamente rico, ignoramo-lo enquanto andamos a inventar alegremente tretas que nos oferecem pobreza porque consomem recursos e pouco ou nada dão em troca. A culpada deste escrito é a Estrada Nacional 2 (EN2). A estrada do interior de Portugal que parte de Chaves e chega a Faro ou o inverso; um país numa estrada, Portugal ao comprido. São 737 quilómetros e 35 concelhos atravessados, entre eles Vila de Rei, Sardoal e Abrantes. Território com história e cultura dentro é, provavelmente, o melhor retrato da EN2. Na verdade, o “projeto rota turística EN2” é coesão territorial e desenvolvimento para o interior. Aproveitamos o feriado da República para viver a EN2 na Harley integrando um espetacular grupo do Lisboa Chapter Portugal. Esta coisa de viajar com outras 14 HD torna-se numa exposição de arte sobre rodas. A EN2 é soberba, charmosa, os imensos ricos e diversificados patrimónios estão lá todos, a maioria das vezes em poucos quilómetros tudo muda. Faltou-nos o principal recurso para viver a EN2: tempo. Ela e tudo à volta exige-nos tempo. Tempo, o recurso que o nosso modo de vida nos rouba. Depois da pernoita na Sertã entramos no nosso território, cheira a Tejo. Como se adivinha, sendo a EN2 vertical e os principais rios portugueses transversais, devido a uma coisa que se chama geodiversidade, a estrada toca todos os principais. Apesar de existir uma associação constituída para a EN2, custa sentir que os autarcas não trabalham e aproveitam este magnífico produto turístico que lhes entra pelo território adentro. Como é que Abrantes fica parada e não vê passar as motos, isto é, não dá pela EN2? É curioso notar que recentemente uma revista de turismo e lazer publicou sobre aquela estrada mas nada disse sobre Abrantes. A realidade é que sobre a EN2 está quase tudo dito e escrito e falta agora fazer quase tudo. Não é necessário inventar nem inovar, está lá tudo. Porque vamos ter que esperar 20 anos para que o compreendam e façam?
Carlos A. Cupeto
Universidade de Évora

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