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Doces da terra continuam a reinar na Feira Nacional de Doçaria de Abrantes

Doces da terra continuam a reinar na Feira Nacional de Doçaria de Abrantes

Palha de Abrantes, tigeladas e mulatos foram algumas das guloseimas ao dispor dos visitantes na iniciativa que já vai na 16ª edição.

Manuel Correia, 70 anos, marcou presença como expositor na 16ª edição da Feira Nacional de Doçaria Tradicional, que decorreu no fim de semana em Abrantes, onde deu a provar as iguarias criadas pela sua arte de pasteleiro. Começou a trabalhar aos onze anos numa pastelaria de Santarém, de onde é natural. O gosto pela confecção de bolos e doces levou-o até Abrantes, onde aos dezasseis anos começou a trabalhar na pastelaria “Camy”. Aí aprendeu parte dos segredos da confecção da tão apreciada palha de Abrantes, das tigeladas, dos mulatos e outras iguarias da zona que o acompanharam até hoje.
Em 1981, Manuel Correia inaugurou a pastelaria “Tágide”, no Rossio ao Sul do Tejo, e o sucesso foi garantido pelas receitas dos doces típicos de Abrantes. Chegou a ter oito empregados, mas actualmente ele e o filho Fernando Correia dão conta do recado. Garante que vai continuar de portas abertas seguindo a tradição dos doces que sempre fez e que as pessoas continuam a procurar na sua pastelaria. O filho tem outras ideias, diz Manuel, dá formação de pastelaria e quer confeccionar doces gourmet. “Mas essa é a vida dele, eu vou continuar a fazer os doces tradicionais que as pessoas gostam de consumir quando vão à minha pastelaria”, afirma.
Manuel Correia diz que é muito raro as pessoas irem à sua pastelaria e não levarem uma caixa de palha de Abrantes, mas nas feiras também se vendem muito bem as tigeladas e os mulatos. A profissão de pasteleiro é um desafio e uma satisfação. Recorda o dia em que confeccionou cerca de duzentas tigeladas para um casamento. Quando estavam prontas a embalar lembrou-se que se tinha esquecido de adicionar o açúcar. Não havia tempo para fazer outra fornada e desenrascou-se fazendo uma calda forte com água e açúcar, pela qual passou depois as tigeladas. Não revelou o segredo e entregou as tigeladas. O resultado não podia ser melhor. “Todos disseram que nunca tinham comido tigeladas tão boas”, conta Manuel bem disposto. Mas garante que nunca mais repetiu a receita, preferindo a segurança da receita tradicional.
A pastelaria “Palha de Abrantes”, em Abrantes, faz jus ao nome. O proprietário Pedro António destaca o doce típico de Abrantes como o mais procurado, não só na pastelaria, mas também nas feiras onde marca presença. A Feira Nacional de Doçaria Tradicional na sua cidade, destaca Pedro, é uma óptima oportunidade para fazer negócio e mostrar produtos novos, como os bolinhos de farinha de amêndoa. A pastelaria abriu portas em 1964 e desde então o sucesso das vendas assenta sobretudo na palha de Abrantes, nas tigeladas, nas broas fervidas.
A presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque, considera que a Feira Nacional de Doçaria Tradicional assume particular importância “para estimular a identidade e economia local, tendo por base os produtos endógenos do concelho”. A autarca, que confessa ser particular apreciadora da palha de Abrantes, “consumida como uma iguaria rara”, sustenta que este tipo de certames é muito importante para projectar o concelho fora de portas e acrescentar valor à economia familiar e local.

Doces da terra continuam a reinar na Feira Nacional de Doçaria de Abrantes

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