Rancho “Os Camponeses” de Peralva comemora vinte anos como grupo federado
Nuno Fonseca, acordeonista desde os doze anos, dirige o grupo há dois anos
O Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Peralva, concelho de Tomar, tem actualmente quarenta elementos, entre os três e os oitenta anos de idade. A dirigir este grupo de dançarinos está o acordeonista, que já passou por vários grupos, Nuno Fonseca. Presidente do rancho há dois anos, o grande objectivo de Nuno é preservar as tradições e continuar sempre a investigar e melhorar as danças e cantares que o rancho apresenta e que remontam aos bailes da época de 1900 a 1920.
Este ano “Os Camponeses” comemoram duas décadas como grupo federado. Nuno Fonseca, enquanto também ensaiador, conta que o mais difícil de trabalhar “é toda a parte de representação em cima do palco uma vez que era uma área que não era muito trabalhada pelos grupos. Toda essa interpretação tem de ser recriada do modo mais verdadeiro possível. É preciso recriar o povo, os trajes, as danças e a zona, que era bastante rural e pobre”. Uma das recriações apresentadas pelo grupo é o baile das adiafas, que mostra como eram os bailes organizados no fim das colheitas e onde se distribuíam as filhoses pelos trabalhadores.
Nuno Fonseca, 46 anos, começou no folclore aos 12 anos de idade como acordeonista. Após concluir o ensino primário (primeiro ciclo actualmente) o pai deu-lhe um acordeão. Aprendeu a arte de tocar com os mais velhos, os que tocavam concertina nas picarias, mas também com os seus avós, que eram ligados à música. Entrou para o Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Peralva em 1983, pouco depois da fundação do rancho. Mas já foi acordeonista nos ranchos das Curvaceiras (que já não existe), da Asseiceira, de Torres Novas e da Pedreira, além de ter tocado em alguns grupos cénicos. Actualmente é também membro do conselho técnico do Alto Ribatejo da Federação de Folclore Português.
Na generalidade, as tradições representadas pelo rancho foram recolhidas na década de 80 junto das pessoas mais velhas da região que deram informações de como eram as danças e os cantares de antigamente. “São tradições um pouco esquecidas, vividas há cem anos, que são difíceis de explicar aos membros mais novos”, realça. Por norma, o grupo apresenta-se em palco com oito pares e algumas vezes com dez. Nem sempre é fácil juntar a totalidade dos elementos do grupo nos ensaios ou reuniões, “pois cada uma tem a sua vida e não é fácil conciliar”. Mas, refere o dirigente, “com a entreajuda do grupo conseguimos levar esta coletividade avante”. Nuno Fonseca destaca o fundador do Rancho de Torres Novas, Carlos António Ribeiro, como um dos seus maiores mestres e que lhe ensinou muitas coisas.
O grupo tem procurado actualizar-se recriando as épocas da forma mais realista possível, fazendo novas pesquisas sobre esses tempos. As pessoas que querem ingressar no rancho fazem-no sobretudo por curiosidade mas também “por quererem ter novas experiências e aprenderem um pouco sobre os costumes de antigamente”, refere o presidente do rancho. “Sem sabermos os costumes da época não nos era possível encenar toda a dinâmica das actuações. A base era a agricultura, os lagares, as vindimas, o vinho, a apanha dos figos, o grão-de-bico, actividades que são essenciais para a cultura do folclore. Todos esses períodos reflectem as vivências do rancho”, conclui Nuno Fonseca.