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Cinco amigas de Fátima nas 24 horas de Fronteira
No último treino antes da prova, a que O MIRANTE assistiu, não esteve presente Paula Marto por motivos profissionais

Cinco amigas de Fátima nas 24 horas de Fronteira

Convívio, adrenalina e paixão por automóveis é o que une e motiva um grupo de mulheres que já participa há três anos na emblemática prova de todo-o-terreno no norte alentejano.

Cristela Marto coloca o cinto de segurança e roda a chave na ignição. O barulho do motor e o cheiro a combustível avisam que o carro está pronto para acelerar. A pista do aeródromo da Giesteira, em Fátima, é o local onde Cristela e as amigas treinam uma última vez antes de se aventurarem em mais uma prova das 24 horas Todo-o-Terreno (TT) de Fronteira. Paula Marto não pôde estar no último treino devido a imprevistos profissionais. Cristela Marto, Sílvia Reis, e Paula Marto participam há três anos nesta que é a última prova do campeonato nacional da modalidade e que decorre no fim-de-semana de 25 e 26 de Novembro, nessa vila do concelho de Portalegre.
O marido de Cristela e os irmãos de Sílvia Reis – que são cunhadas – já participavam em provas de TT e um dia, depois de assistirem à prova, foram desafiadas por eles para criarem uma equipa e também participarem na prova. Não pensaram duas vezes e desafiaram Paula Marto, irmã de Cristela, e outras duas amigas que este ano não participam por estarem grávidas. No seu lugar este ano vão Ana Pereira e Sílvia Marto, que garantem querer continuar a participar neste tipo de provas. “Sempre gostei de carros e já participei em provas de karting e bicicletas TT. Estou ansiosa porque é a primeira vez mas é uma sensação muito boa conduzir o carro, a adrenalina é grande”, confessa Ana Pereira, contabilista, de 38 anos.
Cristela conta que sempre gostaram deste tipo de aventuras e o primeiro ano foi fantástico. Compraram entre todas o carro em que competem. Jimny 5 foi o nome que deram à equipa. Destacam o convívio durante aquele fim-de-semana. Começam a testar o carro na sexta-feira e a prova tem início no sábado, pelas 14h00. Levam tendas onde descansam e os amigos que vão com elas preparam a comida. “É um fim-de-semana em que temos férias de verdade. O único senão é que não temos os nossos filhos connosco. Ficam em casa com os avós porque é mais tranquilo. Podemos não ganhar mas comida, bebida e boa disposição nunca faltam na nossa tenda”, garante Cristela Marto.
Sílvia Reis concorda e confessa que durante os dias da prova em Fronteira consegue conversar com os irmãos sem ser sobre as empresas que gerem em conjunto. “Já somos amigas há muitos anos e aqueles momentos são muito bons porque conseguimos ficar ainda mais unidas. Conseguimos desligar dos problemas do dia-a-dia e conduzir um carro de competição é uma excelente maneira de aliviar do stress que temos durante a semana”, conta a
O MIRANTE antes de entrar no carro para dar umas voltinhas à pista de treino.
O mais difícil, admite, é guiar durante a noite e manterem-se calmas e tranquilas para conseguir fazer as 24 horas que dura a prova. “A parte da mecânica é o mais stressante porque não estamos por dentro do assunto e também é o querer chegar a casa porque temos filhos e no domingo já sentimos muito a falta deles”, afirma.
O pior da competição, concordam todas, são os imprevistos. Furos nos pneus e espelhos partidos é normal mas o ano passado partiram o motor do carro e só não desistiram porque os companheiros não deixaram. “A outra equipa feminina que participou na prova cedeu-nos o motor suplente mas tivemos que o ir buscar a Lisboa. O meu marido foi com os amigos buscar o motor e substituiram-no. Fomos penalizadas em 40 voltas mas pelo menos conseguimos terminar a prova. Este ano já nos prevenimos e levamos um motor suplente para o caso de acontecer o mesmo”, diz Cristela.

Os maridos são quem mais as incentiva

As irmãs Cristela, 40 anos, e Paula Marto, 46 anos, são psicóloga clínica/técnica protésica e médica dentista, respectivamente. Sílvia Reis tem 40 anos e é empresária, enquanto Sílvia Marto e Ana Pereira, ambas de 38 anos, são administrativa e contabilista, respectivamente. São todas de Fátima. Apesar das vidas familiares – todas têm filhos pequenos - e profissionais atarefadas garantem que esta paixão pela competição TT não é difícil de conciliar, sobretudo porque só participam numa prova ao longo do ano. O carro fica arrumado durante o resto do ano.
Treinam três ou quatro vezes, cerca de duas semanas antes do grande fim-de-semana. No primeiro ano em que participaram conquistaram o primeiro lugar na categoria de estreantes. “Também éramos a única equipa nessa categoria”, sublinha com humor Cristela Marto. “Não participamos em mais provas porque é muito dispendioso financeiramente e exige também muito tempo de preparação e a nossa vida profissional é muito activa”, explica Sílvia Marto.
Todas concordam que, num mundo ainda masculino, as diferenças entre homens e mulheres têm vindo a diminuir e elas não notam qualquer diferença de tratamento. “Os nossos maridos são quem mais nos incentiva a participar numa prova que ainda está ligada mais aos homens, apesar de o ser cada vez menos. Eles ralham connosco porque dizem que perdemos muito tempo a tirar fotos e a conversar umas com as outras”, recordam entre risos.
Religiosas, consideram que Fátima é um verdadeiro local de fé. Todos os anos benzem os carros antes da viagem até Fronteira para que tudo corra bem. Em relação ao concelho de Ourém, acham que evoluiu bastante nos últimos anos mas que Fátima tem sido o grande impulsionador dessa evolução. “Se perguntar aos comerciantes de Fátima como correu o ano de 2017 alguns vão dizer ‘mais ou menos’ mas foi um ano fantástico. Se não fosse Fátima e o turismo que a cidade traz não havia tanta construção e este ano foi excepcional para o concelho em muitas áreas”, afirma Cristela Marto.

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