Um outro olhar sobre a Primeira Guerra Mundial
Exposição em Vila Franca de Xira mostra o que esteve para lá dos números e dos factos conhecidos do primeiro conflito à escala global. Para ver no Celeiro da Patriarcal até 18 de Fevereiro de 2018.
Sabem-se números e factos crus sobre a 1ª Guerra Mundial: quem ganhou, quem perdeu, quantas vidas se foram e as consequências geopolíticas que o conflito causou mas esquece-se um factor importante: o lado humano. O que sentiram os homens que foram enviados para a batalha? O que era estar nas trincheiras? Como foi a desorientação de quem não passou de marioneta nas mãos do poder e dos impérios? O que foi das mulheres, das crianças e dos velhos que ficaram no país quando os homens partiram para a guerra?
São estas e outras questões, perspectivas que fogem aos dados que constam em manuais escolares e livros históricos que o secretário-geral da Liga dos Combatentes, Faustino Hilário, defendia ser essencial esclarecer minutos antes da inauguração da exposição “Outros Olhares sobre a Grande Guerra”. Uma mostra que tem precisamente o objectivo de os desvendar e de louvar os combatentes portugueses, tantas vezes anónimos, que têm agora os seus nomes gravados num memorial ao centro da exposição no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira.
Os sentimentos, sempre em destaque, começaram por ser explorados num monólogo do actor vilafranquense Paulo de Cira que, sem precisar de adereços, transportou as dezenas de pessoas que estiveram na inauguração para as trincheiras da Grande Guerra de 1914-1918. Seguiu-se a exploração das imagens, objectos e textos que os acompanham ao longo do Celeiro, onde se focam temas como a importância da medicina durante a Guerra, em especial a oftalmologia, o papel da mulher e o princípio do feminismo em Portugal, bem como um destaque para as memórias dos combatentes do concelho e dos seus descendentes.
A curadora da exposição, Cláudia Camacho, diz que a maior dificuldade sentida durante a preparação da exposição foi a escolha das peças: “Foi difícil decidir entre tudo o que encontrámos o que fazia sentido estar exposto porque há muito para contar e para mostrar. Por exemplo, Vila Franca de Xira tem Reynaldo dos Santos, uma figura importantíssima na 1ª Guerra Mundial, a todos os níveis, a quem não é dado o devido destaque. Todos os municípios se sentiriam orgulhosos de terem um Reynaldo e nós temos de lhe dar valor porque apesar de a tendência do ser humano ser para esquecer os momentos maus e recordar os bons não podemos deixar que a Guerra e quem combateu nela se esqueça”, defendeu Cláudia Camacho.
Inaugurada no sábado, 18 de Novembro, a exposição pode ser vista até 18 de Fevereiro de 2018, encerrando o ciclo de iniciativas e espectáculos que o município tem feito desde 2013 para marcar o centenário da 1ª Guerra Mundial.