Dois jovens ribatejanos procuram singrar no futebol espanhol
Rúben Rodrigues e Wilson Monteiro começaram a sua formação no Grupo Desportivo de Benavente, passaram por outros clubes da região e decidiram rumar à Galiza, para jogar no modesto Club Deportivo Cultural Areas, onde esperam projectar-se para outros voos.
Rúben Rodrigues, 18 anos, e Wilson Monteiro, 21 anos, são dois jovens futebolistas de Benavente que, depois de andarem pelo futebol distrital, hoje dão autógrafos às adeptas do Club Deportivo Cultural Áreas, da cidade de Ponteareas, na província de Pontevedra, na Galiza, que milita na terceira divisão espanhola.
Os jogadores, que passaram por clubes como o Benavente, Salvaterrense, Rio Maior, Alverca, Académica de Santarém e Glória do Ribatejo, receberam uma proposta para jogar no clube galego e decidiram arriscar. A proposta foi tentadora, dizem, mas preferem não falar de valores. “Se não fosse tentadora não vinha para cá, longe do meu conforto e do trabalho que tinha como assistente ortodontista”, diz Rúben Rodrigues. Já Wilson Monteiro afirma que aceitou transferir-se para Espanha “porque a visibilidade é totalmente diferente”.
O convite a Rúben, que joga habitualmente a médio, surgiu depois de os olheiros do clube terem visto um vídeo do jogador no youtube. “Depois vieram a Portugal ver-me ao vivo e assinámos contrato e estou em Espanha desde o dia 29 de Outubro”, conta o jovem jogador a O MIRANTE.
Já Wilson, que joga a avançado, foi convidado para emigrar para o país vizinho pelo seu amigo e gestor de carreiras de futebolistas, Luís Anselmo, e confessa que já sonhava com um convite desses há muito.
Rúben conta que teve de mudar toda a sua vida para ir para Espanha. Deixou os amigos, e a família para lutar pelo seu sonho. A adaptação foi fácil, mas as saudades já começam a ser muitas. Os jogadores só vêm a Portugal no Natal. Comunicam pelas redes sociais e com os pais falam por videochamada.
Em Espanha têm uma vida de jogador de futebol profissional como nunca tinham experimentado. “Temos uma casa para nós, vivemos com mais jogadores da equipa, vamos ao ginásio, damos os nossos passeios, descansamos e ao final da tarde temos treino”, contam.
Uma equipa com sotaque português
Os atletas não sentem muitas diferenças ao nível da alimentação, o pior é a língua, mas como a equipa é composta por 33 por cento de jogadores portugueses e o treinador também é português a coisa vai correndo bem. “Falamos português com umas palavras em castelhano pelo meio, se tivermos mais dificuldades pedimos para falar galego, que é mais parecido com o português”, dizem.
O estádio normalmente costuma estar cheio e a relação com os adeptos é boa, até porque as pessoas daquela região vivem muito o futebol. E nem o facto de a equipa se encontrar em último lugar, com apenas 11 pontos em 17 jogos, faz com que sejam mal tratados. Com as adeptas a convivência ainda é melhor. “Nunca nos tinha acontecido pedirem autógrafos, e não lhe vou chamar assédio, mas as adeptas quando vêem um jogador novo, e ainda por cima português, é normal que haja algum ‘furor’”, contam.
O grande sonho dos dois jovens jogadores é serem vistos em Espanha e tentar dar o salto para um clube de maior dimensão. “Desde pequeno que sonho todos os dias com isso, era a maior alegria da minha vida poder vingar no mundo do futebol e poder demonstrar o meu valor”, diz Rúben, que tem o Benfica no coração. Wilson, sportinguista desde pequeno, também sempre sonhou “representar um grande, seja no estrangeiro ou em Portugal”.
Formados no Ribatejo
Rubén Rodrigues começou a sua formação nas camadas jovens no Grupo Desportivo de Benavente, depois passou pelo Salvaterrense, Rio Maior, Alverca, Académica de Santarém e Glória do Ribatejo.
Wilson também começou a sua formação no Grupo Desportivo de Benavente, onde chegou a ser o melhor marcador e campeão distrital da 2ª divisão com aquele emblema. Depois dessa época em que foram campeões, recebeu várias propostas de clubes como o Coruchense, Fazendense, União de Almeirim e Cartaxo, mas acabou por ficar no Benavente mas as coisas não correram muito bem na 1ª Distrital. Abandonou o clube e foi para o Gafetense que estava a jogar no Campeonato de Portugal Prio. Na época seguinte foi para o Sourense (distrito de Coimbra), onde ficou até aparecer a proposta para ir para Espanha.