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Afogueado Serafim das Neves

Estou feliz e não é só por ter voltado a ver a nova vizinha do terceiro frente a passear-se nuazinha pelo quarto onde ainda não teve tempo de pendurar cortinados. Para este meu estado de euforia contribui também o facto de todos os políticos locais eleitos o mês passado já estarem a politicar em “velocidade de cruzeiro”. Tal situação significa que, a breve trecho, vai haver material do bom e do melhor para desenvolver aqui nestes nossos e-mails do outro mundo.
Ao contrário do que muita gente diz eu gosto imensamente de políticos, sejam eles governantes, deputados, presidentes de câmara, de junta ou de uniões de juntas, vereadores, etc, etc...por aí abaixo. Claro que não gosto das decisões que eles tomam só para nos lixar mas adoro que eles as tomem para nós podermos zurzir neles à grande e à francesa.
É por gostar tanto de políticos que não falho umas eleições. Vou sempre votar, faça chuva ou faça sol. Sei que se eu não for lá pôr o voto vai haver políticos à mesma mas não quero que ninguém escolha por mim.
Não prescindo de escolher em consciência aqueles em que adivinho ciclópicos dotes para o disparate e homéricas inclinações para a parvoíce. Esses são, como tu sabes, os melhores que há para alimentarem a nossa insaciável sede de aplicar sonoras vergastadas sarcásticas.
Alguns saem-nos bem caros porque fazem disparates descomunais mas eu não me ralo. Bem vistas as coisas, fazem todos mais ou menos o mesmo. Despesa e obras inúteis. E se alguém disser que não é verdade eu estou em condições de provar que tal pessoa sofre de ingenuidade aguda ou então pertence à corporação.
Nós que tantos deveres temos também é justo que tenhamos alguns direitos. Isto não é só pagar impostos e calar a boca. Se alombamos com o IRS; o IVA; o IMI; o Imposto Único de Circulação; o imposto sobre os combustíveis; sobre o sal; sobre as bebidas açucaradas; sobre as importações, etc, etc...temos que ser compensados com algum divertimento e com desbunda da grossa. Gozar com os políticos e as suas queridas políticas é um direito inalienável de cidadãos cumpridores como nós. É ou não é?!!!
E até os juízes dos nossos tribunais já consagram esse direito a dar cacetada da brava nos eleitos, quando há motivo para isso, aconselhando os mais sensíveis a pancadas verbais nos toutiços a não se meterem na política ou a fazerem-se homens.
Li hoje mesmo que o Museu Ferroviário do Entroncamento está à beira de fechar devido ao acumular de prejuízos. Quem o disse foi o presidente do tal museu que também é vereador da oposição na câmara, eleito pelo PSD.
Pondo de parte o hipotético encerramento, a primeira coisa a enaltecer é o facto de o presidente do Museu ter cumprido o seu dever de informar os contribuintes. Eu sei que vais dizer que os mais de sessenta mil que lhe pagam por ano são para ele fazer isso mesmo mas deixa que te diga que há quem ganhe muito mais que ele e não diga nada até a casa ir mesmo abaixo.
O tal presidente do Museu, cujo mandato até já terminou há ano e meio, estando portanto a fazer-nos o favor de se manter no cargo pela miséria que lhe pagam, ainda teve que ouvir dizer que se as coisas estão mal é porque o Museu está a ser mal gerido, imagina!!! Mas o que é que a gestão tem a ver com o prejuízo que aquilo dá??!!! Há pessoas que têm cá uma lata?!!!
Até parece que não há por aí tantos casos de coisas exemplarmente geridas que deram prejuízo?! Ai não que não há!!! Valha-me Deus! Só espero que o homem não se demita porque senão é que o Museu fecha mesmo. E depois para onde vamos naqueles dias em que nos dão aquelas imensas fomes de cultura? Hã??
Saudações museológicas
Manuel Serra d’Aire

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