Estou a ficar farta das notícias sobre os “coitadinhos” dos sem abrigo
Tudo começa por um telefonema de um qualquer cidadão bem intencionado para a junta de freguesia, para a câmara municipal, para a Cáritas, Santa Casa da Misericórdia ou outra qualquer instituição. Há um “sem abrigo”, é quase sempre o termo utilizado, que dorme na rua.
Muitas vezes o caso já é conhecido e já teve encaminhamento. Pessoas passadas da cabeça que largaram a casa e a família e optaram por viver na rua. Pessoas que precisam de internamento psiquiátrico ou que as deixem viver como querem, seja lá porque motivo for.
Aqui no Entroncamento, onde resido e onde autarquias e instituições funcionam razoavelmente bem em termos de apoios sociais, acontece frequentemente. Esses “sem-abrigo” já foram encaminhados e acolhidos mas acabam por não se adaptar à cama limpa, roupa lavada e refeições a horas, preferindo voltar à rua.
O que pode uma sociedade fazer com casos destes? Forçar as pessoas a aceitar apoio? Interná-las compulsivamente? Muitas vezes penso que esse seria o melhor caminho mas sei que depois surgiriam os protestos por cerceamento da liberdade de cada cidadão viver como lhe dá na real gana, desde que não faça mal a terceiros. Basta um segurança ou a polícia enxotarem um vagabundo de um local onde está a provocar constrangimentos, fazendo lixo e por vezes fazendo as suas necessidades, para haver protestos.
Muitos vagabundos têm família que sempre os apoiou e que muitas vezes continua disposta a ajudar, sendo as excepções os que não querem trabalhar; os que se meteram na droga e roubaram o que puderam lá de casa ou os que tendo problemas mentais se recusam a ser tratados e insultam, agridem e destroem. Os jornalistas podem e devem dar notícias destes casos mas contando a verdade. E a verdade é que a maior parte destas pessoas não querem ajuda ou já nem têm discernimento para coisa nenhuma.
Fátima Geraldes Murta