Autarca demite-se da CPCJ de Salvaterra por discordar da escolha para presidente desse órgão
A vice-presidente do município, Helena Neves, não se identifica com a eleição do seu camarada de partido Nuno Mário Antão, líder concelhio do PS, para dirigir a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, por entender que o mesmo não tem perfil para o cargo.
A vice-presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, Helena Neves (PS), apresentou a sua demissão do cargo de representante do município na Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Santarém (CPCJ) de Salvaterra de Magos. A informação foi dada na última reunião camarária pela própria, que apresentou como justificação o facto de não se identificar com a eleição de Nuno Mário Antão para presidente daquela instituição.
Nuno Antão, refira-se, é presidente da concelhia do PS de Salvaterra de Magos, já foi deputado em regime de substituição e trabalhou também como funcionário do partido. Actualmente trabalha em assessoria e consultadoria a entidades privadas, em áreas como a protecção civil, organização de conferências e acção social.
Para Helena Neves, o novo presidente da CPCJ de Salvaterra de Magos não tem o perfil, habilitações literárias nem conhecimentos técnicos para exercer aquelas funções. Ao presidente da CPCJ, destacou a autarca, compete, entre outras funções, presidir as reuniões restritas e agir em função das deliberações da CPCJ, tendo o presidente voto de qualidade nessas deliberações.
“Considero, por isso, que o trabalho exercido pelo presidente da CPCJ na comissão restrita é de uma grande exigência técnica pelo que, no meu entendimento, poderá ser exercido por uma pessoa com formação ou experiência na área das crianças e jovens em risco”, argumenta a autarca.
Assim, conclui Helena Neves, “e depois de algum tempo de reflexão, considero que a escolha de um comissário cujo perfil é desadequado relativamente ao cargo em questão me impede de poder continuar no cargo que me foi designado pela câmara”.
Contactado por O MIRANTE, Nuno Antão preferiu não comentar a demissão de Helena Neves nem se já estava à espera dessa decisão. Explica ainda que foi eleito no dia 16 de Novembro, numa reunião restrita, tendo obtido seis votos. A segunda mais votada (cinco votos) foi Ana Azinhaga (Instituto de Segurança Social), escolhida para secretária.
Em relação à alegada falta de perfil para essas funções, Nuno Antão afirmou que tem capacidade para exercer o cargo e que não está a pensar demitir-se. “Se não tivesse capacidade não teriam votado e confiado em mim”, afirma.
Recorde-se que esta eleição extraordinária decorreu devido ao pedido de demissão de Carla Nunes (Centro de Bem Estar Social de Foros de Salvaterra) como presidente da CPCJ a 12 de Outubro deste ano. Na altura, Ana Azinhaga assumiu as funções até que fosse realizada nova eleição. As CPCJ são compostas por representantes de diversas entidades.