Câmara de Ourém sem interesse no Museu da Vida de Cristo em Fátima
Administrador de insolvência enviou carta a perguntar se município estaria interessado em adquirir uma das fracções do edifício
A Câmara de Ourém não está interessada em adquirir nenhuma das fracções do edifício do Museu da Vida de Cristo, situado em Fátima, que fechou portas este ano devido a razões financeiras. O administrador do processo de insolvência da empresa que geria o museu enviou uma carta ao município de Ourém a perguntar se este estaria interessado em adquirir uma das fracções do edifício. O presidente da autarquia, Luís Albuquerque (PSD/CDS), levou o assunto à última reunião camarária, tendo sido aprovado por unanimidade não aceitar a proposta do administrador de insolvência.
Como O MIRANTE noticiou, o Museu da Vida de Cristo em Fátima, conhecido pelo museu das figuras de cera que retratam a vida de Jesus, não sobreviveu à insolvência e está a ser liquidado. Os principais credores não aceitaram o plano de insolvência, que poderia ser o último fôlego para manter o espaço aberto, depois de ter falhado o Plano Especial de Revitalização (PER), e optaram por acabar com a actividade da empresa Vida de Cristo - Parques Temáticos Lda, passando-se à venda dos activos.
O museu, que tinha representado um investimento de 12 milhões de euros há cerca de 10 anos, tinha actualmente dívidas de 5,3 milhões de euros a sete credores, sendo a maior parte, quatro milhões, à Caixa Geral de Depósitos, que votou favoravelmente a liquidação dos activos.
Dos sete credores votaram favoravelmente o fim da empresa a Caixa, a Prediconforto – Compra e Venda de Imóveis, que tinha um crédito de 464 mil euros, e o credor mais pequeno, a Seleções de Fátima – Arte Sacra, que reclama uma dívida de 7.112 euros. Os restantes credores abstiveram-se de votar a proposta de liquidação. Perante a votação a juíza do processo julgou então aprovado o fecho da empresa. O Museu Vida de Cristo foi inaugurado em Abril de 2007 num edifício imponente e moderno com a expectativa de ter uma afluência de 200 mil visitantes anuais. A Caixa Geral de Depósitos tem uma hipoteca sobre o edifício. A Garval - Sociedade de Garantia Mútua, é outro dos principais credores, reclamando 728.807 mil euros de um contrato celebrado em 2009 como garantia no empréstimo da Caixa Geral de Depósitos.
Imagens de cera foram feitas em Londres
O museu foi constituído com 210 figuras em cera. Algumas cenas incluem cascatas, outras reproduzem o deserto, rios e mar numa dimensão que, nalguns casos, atinge os 160 metros quadrados em cada cenário. O Santuário de Fátima colaborou na montagem do museu, que na altura não teve apoios da administração pública.
As figuras foram concebidas e feitas por um ateliê de Londres, Inglaterra, que também produz peças para o Museu Madame Tussauds. O edifício foi desenhado pelo arquitecto Carlos Gonçalves, com uma área de 4.400 metros quadrados, e foi concebido para garantir um elevado nível de poupança energética, sendo que a fachada é toda ventilada.