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Seca leva câmaras a tomar medidas radicais e inovadoras

Torres Novas e Abrantes desligam sistemas de rega e Vila Franca de Xira aproveita água de piscinas

A situação de seca veio obrigar a encontrarem-se ideias inovadoras para o reaproveitamento da água. Uma das soluções que representa ganhos consideráveis foi implementada em Vila Franca de Xira e passa pelo aproveitamento da água das piscinas. A câmara realiza a utilização da água da lavagem dos filtros de duas das cinco piscinas municipais, para a rega dos espaços públicos e lavagem de ruas. O que representa uma quantidade de cerca de três a cinco por cento da quantidade de água do tanque. Neste concelho foram também reduzidos os tempos de rega e limpeza de espaços públicos e o funcionamento das fontes foi reduzido de10 horas por dia, para funcionar, entre as 11h00 e as 17h00.
As regas são onde as câmaras mais água gastam e por isso as câmaras de Torres Novas e Abrantes decidiram desligar todos os sistemas de rega de espaços públicos, há cerca de duas semanas, quando a situação de seca extrema no país estava a tomar proporções dramáticas. As situações são para manter e a chuva que tem aparecido tem ajudado a que os espaços verdes não sequem. Estas são algumas das medidas para promover a poupança de água, existindo outras câmaras na região a adoptar comportamentos que evitem o desperdício.
Para já os municípios contactados ainda não chegaram ao ponto de implementar medidas que reduzam o consumo nas instalações, como nas casas de banho, por exemplo. Mas estão a dar exemplos à população para que esta também se preocupe com a situação. E não é por já ter chovido que as pessoas possam pensar que já não há problemas. O presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, diz que tem havido problemas de abastecimento de água para consumo na zona da Zibreira, que para já não são dramáticos mas que merecem atenção.
O controlo da água gasta nos espaços públicos é aquele que os municípios mais facilmente podem intervir, até porque é a área onde mais água se gasta. O município de Almeirim já há um tempo investiu em furos próprios só para as regas, independente do sistema de abastecimento às pessoas. O que permite à autarquia poupar dinheiro porque não é necessário tratar a água. Mas o mais importante é que estes furos estão a níveis mais superficiais evirando assim interferir nos lençóis freáticos, a uma profundidade maior, onde é captada a água de melhor qualidade para consumo humano.
Na região, a segunda mais grave seca que Portugal atravessa desde 1940 não tem tido situações complicadas que levem, como acontece noutras zonas do país, a abastecimentos de emergência com as populações a serem abastecidas por camiões cisterna. Talvez porque tem havido uma preocupação na gestão sustentável dos recursos hídricos, como lembra a Câmara de Santarém, que há anos tem vindo a preocupar-se com a utilização da água nos lagos e fontes cibernéticas. O município refere que esta água é “totalmente reutilizável com recurso a tanques de compensação em circuito fechado, ou com tanques do tipo bacia, em que a bombagem é feita por equipamentos submersíveis”.
Apesar de ter havido uma campanha nacional a apelar aos cidadãos para que usem racionalmente a água, a Câmara de Abrantes também decidiu avançar com uma acção de sensibilização, envolvendo os presidentes de juntas de freguesia. A autarquia destaca que a preocupação que tem tido com o uso eficiente deste bem essencial não é nova. A presidente Maria do Céu Albuquerque lembra a beneficiação que tem sido feita nas condutas para reduzir as perdas, a optimização da Estação de Tratamento de Águas da Cabeça Gorda, bem como a existência de um piquete que intervém rapidamente em situações de rupturas de condutas.

Regas em Coruche são feitas sem água da rede pública
O presidente da Câmara de Coruche referiu que esse é dos poucos municípios do país onde os espaços verdes são regados sem utilizar água da rede pública. Francisco Oliveira (PS) falava na última assembleia municipal, depois de o deputado Rui Aldeano (CDU) ter afirmado que existe algum desperdício de água na vila, nomeadamente nas regas dos espaços verdes, que são mal feitas e a horas erradas, e no parque de caravanas que tem uma torneira que é usada de forma abusiva. “Parece-me que devia haver algum rigor por parte do município”, disse.
Francisco Oliveira explicou que toda a Avenida do Sorraia é regada por um furo que está no parque do Sorraia, da mesma forma que em toda a zona norte da vila o sistema de rega está ligado ao reservatório que recebe as águas de lavagem dos filtros das piscinas municipais.
Quanto ao parque de caravanas, o presidente da autarquia admitiu que pode haver lá uma torneira que seja usada de forma mais abusiva mas, se assim for, o município tem de a substituir. Já em relação aos fontanários, conta, a câmara colocou um contador e substituiu as torneiras. “Se verificarmos que aparecem valores de consumo de 50 euros em vez dos cinco a oito euros habituais, é porque estão a roubar e aí mandamos fechar”, adianta.

Hortas urbanas de Rio Maior regadas com água da rede

As hortas urbanas de Rio Maior, criadas pelo município, têm sido regadas com água da rede pública, uma situação que o vice-presidente da câmara, Luís Santana Dias (PSD-CDS), pretende alterar. A questão foi levantada na última reunião do executivo camarário pelo vereador João Teodoro Miguel (PS), que visitou as hortas recentemente e constatou essa realidade, tendo pedido que fossem tomadas medidas para evitar que a água destinada a consumo humano seja destinada para rega.
Na resposta, Filipe Santana Dias disse que os serviços do município estão a trabalhar no sentido de que essas e outras regas em todo o concelho passem a ser feitas com recurso a água de furos próprios, reconhecendo que a actual situação representa um ónus financeiro e ambiental.

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