Segurança Social paga cadeira de rodas de que Fernando Ferreira precisa
Engenheiro residente em Almeirim, que sofre de esclerose múltipla, foi notificado da decisão esta quarta-feira.
A Segurança Social vai custear na totalidade a aquisição da cadeira de rodas que Fernando Ferreira, 37 anos, necessita e a entrega desse equipamento será feita em breve. O MIRANTE teve conhecimento da decisão da Segurança Social durante o fecho desta edição e sabe que Fernando Ferreira foi notificado desta decisão durante o dia desta quarta-feira, 29 de Novembro.
O engenheiro agrário, que vive em Almeirim com a mulher e os dois filhos, sofre de esclerose múltipla desde os 19 anos e desloca-se numa cadeira de rodas emprestada que terá que devolver em Dezembro. Além disso, a actual cadeira não é a indicada para si porque é baixa demais para o seu tamanho, o que já lhe causou problemas de coluna e pulmonares por não estar sentado correctamente.
Fernando e a sua família não têm dinheiro para adquirir a cadeira de rodas prescrita pela médica, que custa mais de 30 mil euros. No último mês iniciou-se uma campanha de solidariedade para ajudar Fernando que conseguiu angariar cerca de 14 toneladas de tampinhas que foram entregues no início desta semana à Resitejo. A carrinha que faz a recolha de ‘monos’ da Câmara de Almeirim foi a casa do engenheiro agrícola buscar as tampas que estavam guardadas na garagem de sua casa, na zona norte em Almeirim. A iniciativa contou com a presença de alguns alunos do primeiro ciclo que aproveitaram para aprender como é feito o ciclo da reciclagem das tampinhas.
Exames para a Academia militar detectaram a doença
Recorde-se que aos 19 anos foi diagnosticada esclerose múltipla a Fernando, uma doença neurológica que afecta o sistema nervoso central e em que o doente vai perdendo as capacidades físicas e motoras. Os primeiros sintomas a surgir foram o cansaço extremo e perda de visões momentâneas mas os médicos consideraram que se deviam ao facto de estudar muito. Foi durante os exames que teve que fazer para ingressar na Academia Militar – que entretanto optou por não seguir – que os médicos detectaram “qualquer coisa” a nível cerebral e aconselharam-no a procurar um especialista.
Nessa altura, Fernando, natural do Bombarral [distrito de Leiria], ingressou na Escola Superior Agrária de Santarém. “No primeiro ano do curso comecei com sintomas mais graves. Tive o primeiro surto durante o sono, comecei com choques eléctricos pelo corpo todo, como se fosse epilepsia, e caí para o chão. Por sorte, a minha família estava comigo e socorreram-me. Estes surtos repetiram-se algumas vezes. Fiz vários exames, até que me mandaram para o Hospital Egas Moniz e com mais exames disseram-me que provavelmente eu teria esclerose múltipla”, contou em entrevista a O MIRANTE.
Fernando conta que receber aquele diagnóstico foi muito violento. Admite que entrou em fase de negação da doença e confessa que ainda hoje não a aceita. “Estou sempre a lutar contra ela. Não quero que ela me vença. Vivo um dia de cada vez. Acordo de manhã completamente exausto, muito cansado. A luta do meu dia é vencer o cansaço diário”, afirma.
Trabalhou sempre na área da agricultura, chegando a fazer cerca de 500 quilómetros por dia. Os seus dias sempre foram intensos apesar das limitações que a esclerose múltipla lhe foi impondo. A perda de mobilidade aumentou nos últimos dois anos e Fernando já só se desloca em cadeira de rodas.