Cinzas e inertes a céu aberto no aterro de Mato da Cruz preocupam moradores
Câmara de Vila Franca de Xira e junta de freguesia pressionam Valorsul para resolver problema. Equipamento só fecha em 2022.
Poeiras, maus cheiros e poluição visual. Estas são as principais queixas de vários moradores da zona de Calhandriz, concelho de Vila Franca de Xira, motivadas por vários montes de cinzas e inertes que se encontram no aterro sanitário de Mato da Cruz a céu aberto.
Inicialmente as queixas ficavam-se apenas por alguns moradores da zona nas redes sociais mas agora também os autarcas estão alarmados e já exigiram publicamente respostas para o que está a acontecer.
“A acumulação de lixo no aterro de Mato da Cruz é motivo de preocupação, já tem o seu tempo de vida ultrapassado, a população anseia pelo seu encerramento. Além disso as condições de segurança para a população estão em causa, está com bastantes inertes ao ar livre que não estão acondicionados e à mercê das chuvas e do vento estão a espalhar-se pela zona limítrofe às casas e isso não pode acontecer”, alertou Carlos Gonçalves (CDU), presidente da Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo e Sobralinho, na última reunião pública de câmara.
Também o vice-presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, António Oliveira (PS), confessa não ter gostado do que viu quando recentemente visitou o espaço. “Na última visita vi algo que não me agrada nada, pirâmides de cinzas a que terão de dar seguimento”, confessou o autarca numa das últimas reuniões de câmara.
O executivo já realizou uma reunião de emergência sobre o assunto para diligenciar junto da Valorsul – da qual a câmara é accionista minoritário – para que essa entidade resolva ou minimize a situação.
Empresa diz que armazenamento é temporário
Contactada por O MIRANTE, fonte oficial da Valorsul explica que o material com impacto visual existente no aterro “não é mais do que um armazenamento temporário de escórias [material resultante da queima de resíduos] tratadas, um material inerte que aguarda escoamento”.
A licença ambiental concedida à Valorsul pela Agência Portuguesa do Ambiente estabelece um extenso e rigoroso programa de monitorização ambiental e controlo que a Valorsul garante cumprir na totalidade. “Asseguramos o nosso profundo compromisso para com os aspectos ambientais”, sublinha a empresa.
O aterro sanitário funciona desde 1996, substituindo a lixeira a céu aberto que ali existia e foi criado com o compromisso da entidade que o explora de que logo que as células estivessem cheias, o espaço iria sendo reconvertido em áreas para lazer e usufruto público.
Com o passar dos anos e o aterro a aproximar-se do seu tempo útil de vida – tem encerramento confirmado para 2022 – a verdade é que ainda nenhum espaço foi colocado à disposição da população, apesar de algumas células já terem recebido requalificação paisagística e algumas árvores terem sido plantadas.
Capacidade de receber cinzas esgotada em dois anos
A Valorsul explicou a O MIRANTE o que é feito nas instalações do aterro. Além da deposição de resíduos urbanos que são “cobertos diariamente por forma a controlar a emissão de poeiras e odores”, a empresa diz que é feita também a deposição de cinzas inertizadas em célula específica, “previamente misturadas com cimento e que não geram cheiros ou poeiras”. A empresa estima que nos próximos dois anos a capacidade de deposição destes resíduos esteja esgotado.
Por último o aterro realiza o tratamento das escórias resultantes da incineração dos resíduos urbanos, transformando-as em produtos valorizáveis, nomeadamente sucata ferrosa, alumínio e escórias tratadas.