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“Quero ser sério na política e mostrar qualidade de trabalho”
João Santos é o actual presidente da junta de freguesia de Vila Franca de Xira

“Quero ser sério na política e mostrar qualidade de trabalho”

Um professor de faculdade que nunca fez parte do movimento associativo e não estava ligado à política local apanhou todos de surpresa nas últimas eleições quando reconquistou a Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira para os socialistas. Homem pragmático e humanista, de discurso académico, João Santos elenca nesta entrevista os problemas com que se depara no dia-a-dia e os objectivos para o mandato. E diz que já se notam diferenças na gestão da cidade.

Manter Vila Franca de Xira limpa e aprazível, com espaços verdes cuidados e ruas sem lixo, com desmatações feitas a tempo e horas são algumas das prioridades para o novo executivo da junta de freguesia da sede de concelho, agora liderada por João Santos, eleito pelo PS. O autarca explica, a O MIRANTE,
que o executivo não descurará também a acção social com atendimento integrado e o apoio ao movimento associativo, estando já em desenvolvimento um sistema de informação que permitirá, caso venha a ser bem acolhido junto das instituições, gerar economias de escala na partilha de meios.
“Queremos também melhorar o sucesso escolar nas áreas socio-economicamente mais deprimidas da freguesia e estamos a trabalhar na criação de condições para poder oferecer um modesto contributo para a preservação da saúde oral das crianças mais desfavorecidas da freguesia”, explica João Santos.
O autarca, que é professor universitário e até há dois anos não tinha qualquer ligação à política local, foi desafiado pela ex-presidente da câmara, e agora deputada, Maria da Luz Rosinha para se candidatar à junta da cidade nas últimas eleições. Tinha pela frente a difícil missão de destronar a CDU e reconquistar a junta para os socialistas, que a perderam depois da gestão de Ana Câncio.
João Santos confessa ter sido o único, mesmo dentro do partido, a acreditar na vitória. “Temos de ter uma capacidade de decisão próxima dos fregueses. Estamos a ter muito menos reclamações na junta desde que o nosso executivo entrou. Isto acontece porque estamos a fazer um trabalho de reacção. Foi criada uma equipa nestes quatro meses e meio que resulta do somatório de cada uma das equipas que já está no terreno. Quando há um problema todos os outros continuam a trabalhar com menos intensidade e vai a equipa naquele momento reagir. Quem reclamou vê na hora a sua reclamação resolvida e fica satisfeita. A política serve para maximizar a satisfação das pessoas”, explica.
O autarca garante que Vila Franca de Xira está “muito diferente”, para melhor, e que o segredo para o aumento da satisfação popular assenta no rigor e empenho de todos os que trabalham na junta. “Não podemos relaxar e estamos a investir na eficiência”, diz.

Faltam trabalhadores
Um dos problemas é a falta de trabalhadores para responder às necessidades. “Sentimos que para se atingir a perfeição na limpeza urbana e gestão do espaço público precisávamos de mais quatro pessoas para além das que já temos. Vamos ver se conseguiremos ao longo do mandato contratar, porque não somos adeptos do outsourcing e sou contra a lógica da precariedade”, defende.
A idade dos automóveis ao serviço da junta é outro problema “muito sério”, confessa o autarca, com os carros a precisarem de reparações regulares. “Isso exige de nós uma despesa acrescida mensalmente que às vezes é difícil de suportar. O nosso carro vassoura é um grande problema, extraordinariamente dispendioso”, lamenta.
Apesar das dificuldades o autarca não tem dúvidas que a cidade “vai continuar limpa” apesar dos recursos, avisa, “não serem ilimitados”. “O que garantimos é eficiência na gestão dos recursos e a eficácia dos resultados. Não tenho dúvidas que todos vamos fazer um bom trabalho e a tendência é sermos cada vez mais eficazes e eficientes”, assegura.
João Santos confessa-se um humanista que gosta da intuição e da lógica, movendo-se pelas emoções mas também pelo pragmatismo quando é necessário. O seu executivo gere um orçamento de quase um milhão e 100 mil euros. “Quero ser sério na política e estou convencido que sendo sério na política obtemos melhores resultados. As pessoas exigem isso de nós”, refere.

Vila Franca de xira não
está a morrer
A cidade não está a morrer mas sim a transformar-se, defende o presidente da junta. “Temos falta de pessoas em VFX e houve um despovoamento da freguesia. Esta é a verdade dos factos. O que a câmara está a fazer, com o Programa Requalifica, é uma iniciativa que permite contrariar este estado de coisas. E é por aí que devemos começar, para trazer novamente jovens para residir na cidade. Aqueles que dizem que VFX está a morrer são os da nossa geração que a viram há 20 anos e com a perspectiva da altura, em que estava tudo diferente”, defende.
João Santos diz que a requalificação da antiga Escola da Armada não vai afastar pessoas do centro da cidade mas antes promovê-la. “Para serem territórios sustentáveis têm de ter valências e não podem estar concentradas todas no mesmo sítio. O fundamental é que se distribua homogeneamente no espaço disponível. A antiga Escola da Armada vai fazer VFX respirar novamente. Estamos aqui enclausurados entre a linha de comboio e o Bom Retiro. Trazer pessoas para ali vai ser bom para a cidade. É trazendo âncoras como esta que os territórios se desenvolvem”, nota.
Já sobre o devoluto Vila Franca Centro o autarca espera que o edifício possa vir a ser aproveitado para dinamizar a economia local mas dada a complexidade do processo admite que os tempos de resolução possam ser mais demorados do que aquilo que a população desejaria. “O mesmo se passa com o velho hospital, temos um sentimento de preocupação sobre aquele espaço mas estou convencido que com a energia do novo Provedor as coisas se vão resolver”, conclui.

A vida é feita de equilíbrios

João Santos tem 41 anos e nasceu e vive em Vila Franca de Xira. É casado e tem dois filhos, de 6 e 8 anos. Tem uma licenciatura em Geografia e Planeamento, dois mestrados na área da protecção civil e gestão do território e um doutoramento em economia. É professor universitário de Economia e de Território. Já coordenou o gabinete municipal do Sistema de Informação Geográfica. Tem dois livros publicados sobre as áreas de planeamento e ordenamento do território e um terceiro a caminho.
O seu executivo é composto por Zilda Martins, Irina Francisco, Ricardo Carvalho e José Guerreiro. Da infância guarda “memórias analógicas” de crescer a brincar na rua com os amigos. A mãe trabalhou na Farmácia Central durante mais de 40 anos e o pai foi encarregado geral dos SMAS. Diz que teve a sorte de ter tido um bom apoio familiar que sempre lhe permitiu alcançar o que pretendia. Diz que a vida é feita de equilíbrios e que sempre pautou a sua vida por uma atitude comedida.

A herança CDU e o futuro

João Santos diz desconhecer pessoalmente Ana Câncio, socialista cuja gestão terá custado a perda da junta da cidade para a CDU. Confessa o peso da “grande responsabilidade” de ter de gerir a junta e confessa que apesar de não ter encontrado a edilidade liderada pela CDU numa bagunça houve alguns aspectos de que não gostou.
“Não nos agradou na totalidade o que encontrámos mas é uma matéria que estamos a acompanhar. Estamos cá há quatro meses e meio a avaliar e analisar este processo. Entendemos que a gestão podia ter sido feita de outra forma. Estou convencido que seria possível termos mais disponibilidade orçamental se uma ou outra opção do executivo anterior não tivesse sido tomada. Mas desde que elas não se desviem do domínio da licitude são todas bem tomadas porque as pessoas são mandatadas para tomarem as decisões que acham terem sido as melhores”, refere.
O facto de o anterior executivo não ter, alegadamente, passado a pasta aos novos autarcas é algo que não caiu bem. “Não foi correcto mas compreendo o comportamento. Quando entrámos aqui a primeira vez foi preciso coragem, para ver a forma como todos nos foram olhando. Nunca tivemos a oportunidade de sermos apresentados, que é aquilo que deve ser feito naturalmente”, nota.
O autarca confessa que não teve férias no último Verão para se dedicar à campanha. “Palmilhei cada metro quadrado desta freguesia e conversei com muitas pessoas. Tive sempre a convicção de que era possível vencer. Venceria mesmo sendo o Mário Calado o candidato, pessoa por quem nutro grande respeito. A vitória não se fez por mim mas sim porque tínhamos uma lista forte e isso é fundamental. Estou convencido que o PS vai ficar cá três mandatos ou mais se mantiver esta qualidade de trabalho”, afirma.

“Quero ser sério na política e mostrar qualidade de trabalho”

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