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Açude “polémico” de Abrantes vai para obras
INVESTIMENTO. Açude custou 10 milhões de euros e é uma barreira no Tejo contestada desde o início por pescadores e população

Açude “polémico” de Abrantes vai para obras

Intervenção tem um orçamento previsto de 320 mil euros e vai permitir reactivar aquela estrutura polémica que está fora de serviço há mais de três anos.

As obras no açude insuflável de Abrantes, que se encontra fora de serviço há mais de três anos e que foi alvo de vandalismo, vão custar cerca de 320 mil euros e devem arrancar “logo que estejam reunidas as condições climatéricas” necessárias, informou o vice-presidente da Câmara de Abrantes, João Gomes (PS), na última reunião do executivo.
A presidente da câmara, Maria do Céu Albuquerque (PS), acrescentou ainda que está a ser equacionada a instalação de uma mini-hídrica no local. “Há uma empresa que tem a intenção de instalar o equipamento no açude em Abrantes. O vereador João Gomes já reuniu com a empresa e estamos com alguma expectativa quanto ao desenlace deste processo”, disse a autarca.
O assunto foi levantado pelo vereador do Bloco de Esquerda Armindo Silveira, que questionou a gestão socialista sobre o ponto de situação das obras previstas no açude e se o mesmo tem problemas estruturais.
Maria do Céu Albuquerque explicou que o “açude não tem nenhum problema estrutural” mas admitiu que há um conjunto de situações que têm de ser revistas, nomeadamente porque a estrutura está desactivada há muito tempo. “Há uma comporta que foi vandalizada e tem um problema que é necessário corrigir. E a outra comporta tem um problema que também decorre deste período de tempo que esteve sem utilização e, portanto, tem de ser melhorada”, disse.
A autarca acrescentou que o açude vai levar uma nova ensecadeira e que a escada passa-peixe vai sofrer uma alteração para fazer face aos caudais diminutos que o rio apresenta e também para facilitar a passagem dos peixes. “Estamos a trabalhar com um conjunto de entidades para fazer a melhoria no equipamento com a introdução de um sistema de monitorização da passagem dos peixes, condição essa que é fundamental para o licenciamento daquela infraestrutura que ainda não foi feito por via da ausência desse sistema de monitorização”, concluiu.

Açude fora de serviço há três anos
O açude insuflável em Abrantes foi desactivado na sequência das obras na ponte rodoviária sobre o Tejo em Abrantes, que começaram em Setembro de 2014 e duraram quase dois anos. Em Julho de 2016, O MIRANTE noticiava que o açude tinha sido alvo de actos de vandalismo que acabaram por danificar a estrutura e impediam que esse equipamento fosse reactivado. O vice-presidente da Câmara de Abrantes, João Gomes, explicou na altura aos jornalistas que “a autarquia só deu pelo problema quando foi notificada pela Infraestruturas de Portugal (IP) que já podia insuflar o açude”, após terem sido concluídas as obras na ponte.
“O que fizeram foi furar um tubo na zona da manga do vão do açude”, explicou o vereador. As empresas autoras do projecto foram contactadas para fazer o levantamento da ocorrência, para que o dano fosse reparado, o que ainda está por concretizar.

Sistema passa-peixe ineficaz e sem licença

O açude insuflável suscitou alguma controvérsia desde o seu anúncio e tem sido notícia ao longo dos anos por razões negativas, relacionadas com actos de vandalismo e também com problemas no sistema passa-peixe. Recorde-se que em Abril de 2015, milhares de peixes de grandes dimensões e variadas espécies que tentavam ultrapassar o açude para continuarem a subir o Tejo e desovar morreram encurralados numa zona labiríntica de cimento construída com o açude e denominada passa-peixe.
Um sistema que foi construído sem licenciamento informava o Ministério do Ambiente em Setembro de 2009 em resposta a um requerimento apresentado pela deputada Alda Macedo, do Bloco de Esquerda. Os dirigentes do BE alertavam em Junho desse ano que milhares de peixes “estavam a morrer” junto ao açude “por deficiências nos corredores que deveriam permitir a sua passagem, ficando a esbarrar contra a parede do açude sem conseguir seguir caminho”.

Uma obra de 10 milhões de euros

O primeiro açude insuflável construído em Portugal foi inaugurado a 16 de Junho de 2007 pelo então primeiro-ministro José Sócrates. A intenção da Câmara de Abrantes, à época liderada pelo socialista Nelson Carvalho, foi criar um amplo espelho de água – o chamado “mar de Abrantes” - para atrair mais turismo para a o concelho. O investimento de dez milhões de euros constituiu uma obra única em Portugal, com tecnologia importada do Japão.

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