José Miguel Noras quer dar um abanão ao Politécnico de Santarém
Antigo autarca socialista anunciou candidatura à presidência da instituição e promete dar-lhe novos caminhos. Se perder, garante que daqui a quatro anos volta à carga.
O ex-presidente da Câmara de Santarém José Miguel Noras anunciou na sexta-feira, 16 de Março, a sua candidatura à presidência do Instituto Politécnico de Santarém (IPS), actualmente liderado por Jorge Justino, que não se pode recandidatar nas eleições de Junho.
“Não tenho um voto, um só voto que seja, à partida. Respeito e admiro o suficiente todos os eleitores para me dar ao desplante de supor que os membros do Conselho Geral são peças de xadrez. E, se for sacrificado no altar da derrota, perderei menos do que perderia, se não procurasse abanar uma estrutura, que carece de caminhos novos, beneficiando todas as Escolas, seus cursos, seus professores, seus alunos e seus funcionários, sem sentido corporativo, nem vícios de qualquer corte”, escreve José Miguel Noras no comunicado enviado para a nossa redacção.
José Miguel Noras, que actualmente lidera a concelhia de Santarém do PS, diz que vai “suspender todas as condições que, directa ou indirectamente, possam contrapor-se a tal desiderato” e refere que se perder, prosseguirá o seu caminho e voltará à carga nas eleições seguintes. “Voltarei a tentar, quatro anos mais tarde, deixando as marcas de quem estima, respeita e admira as cinco Escolas Superiores do Instituto Politécnico de Santarém e todos quantos lhes dão vida e alma”.
A O MIRANTE, Noras esclareceu que vai interromper a sua actividade como consultor e economista, bem como a sua situação na CGA (Caixa Geral de Aposentações), para se dedicar a cem por cento ao IPS. “Não suspenderei, no entanto, as funções de presidente do PS, em Santarém. Não há nenhuma incompatibilidade. Todavia, já tomei a decisão de não me recandidatar ao cargo, em 2020”, explicou ainda.
“Tudo farei para ganhar estas eleições, deveras difíceis, no IPS. Os institutos politécnicos foram criados para o desenvolvimento das regiões. O tempo de estarem fechados sobre si mesmos é coisa do pretérito. Não faz sentido. Seria a negação dos princípios que estiveram na sua génese. Fecharem-se, em relação ao exterior, seria declínio certo. Carecem , aliás, de boas parcerias, para ganharem escala. A internacionalização é fundamental”, acrescenta.
Noras não vai estar sozinho na corrida
Para já não há mais nenhuma candidato anunciado mas é dada como certa a candidatura de Hélder Pereira, actual vice-presidente do IPS, podendo ainda haver outro candidato. A eleição do presidente do IPS é feita pelo Conselho Geral, órgão composto por 21 elementos e que é liderado por Francisco Madelino, um militante socialista que preside também à Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos. Desse órgão fazem ainda parte outras personalidades ligadas à política, como o deputado António Filipe (PCP), os ex-deputados António Campos (PSD) e Nelson Baltazar (PS) e o antigo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, Fonseca Ferreira. Integra ainda 11 representantes dos professores, três representantes dos estudantes e um representante do pessoal não docente.
José Miguel Correia Noras, natural da Póvoa da Isenta, Santarém, é investigador doutorado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, economista, consultor, historiador e escritor. Foi aluno dos primeiros cursos livres do Instituto Politécnico de Santarém. Além de presidente da Câmara de Santarém (de 1992 a 2002) foi também presidente da Assembleia Municipal de Santarém e vereador na Câmara Municipal de Lamego.