Estudantes de Direito pela primeira vez num tribunal para uma competição em Santarém
Moot Court Português de Direito da Concorrência vai na segunda edição
Paulo Oliveira, de Santarém, e Tiago Jorge, de Rio Maior, ambos estudantes de Direito na Universidade Nova de Lisboa, entraram pela primeira vez numa sala de audiências para participarem na competição: Moot Court Português de Direito da Concorrência, que decorreu entre 20 e 22 de Abril em Santarém, no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão. Os estudantes mostraram os seus conhecimentos na simulação de um caso judicial inventado para a competição e que envolvia a compra de um jornal desportivo por um grupo proprietário de outro órgão de comunicação da mesma área. O caso hipotético chegou a tribunal após a intervenção da Autoridade da Concorrência que detectou não ter sido notificada o procedimento de concentração de capitais.
Os dois estudantes estão no primeiro ano do curso de Direito e estrearam-se no Moot Court, que vai na segunda edição e que visa proporcionar aos estudantes o aprofundamento de conhecimentos e o contacto com advogados, juízes e outros agentes da justiça e partes nos processos. Tiago Jorge e Paulo Oliveira confessam que foi uma boa experiência e que aprenderam muito com esta iniciativa da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade de Lisboa, em colaboração com o Tribunal da Concorrência, com o patrocínio de alguns dos mais conhecidos escritórios de advogados e da Representação da Comissão Europeia em Portugal.
Tiago, de 18 anos, e Paulo, de 19 anos, interpretaram o papel de advogados de uma das empresas e foram respondendo às questões da juíza do Tribunal da Concorrência. A equipa dos dois futuros licenciados em Direito foi eliminada na semi-final, mas o que contou foi a experiência, uma vez que ambos são apaixonados pelo mundo da advocacia. Num intervalo da competição, os jovens confessam a O MIRANTE que a vida de estudante deve ser equilibrada entre os estudos e o divertimento. Há tempo para estudar e tempo para beber uns copos e desanuviar e não se anda com a Constituição da República debaixo do braço para todo o lado. “Ninguém lê a Constituição como um livro de levar para a praia, mas se houver uma gestão entre as duas coisas será o ideal”, diz Paulo Oliveira.
Direito é um bom investimento
Tiago Jorge ainda não pensou muito nas questões dos salários dos jovens advogados, porque está mais interessado em seguir uma carreira na magistratura ou na diplomacia. Paulo Oliveira acredita que o futuro dos estudantes de Direito depende muito dos objectivos de cada um. “Este curso é um bom investimento, pois dá para trabalhar em vários lados”, defende. Talvez seja por isso, admite Paulo Oliveira, os cursos de Direito estão “apinhados” de estudantes. Quanto à emigração a história é outra. Nem Tiago Jorge nem Paulo Oliveira pensam emigrar. Mas, confessam, nos tempos que correm, ainda muito pode acontecer. “São as consequências da crise”, referem ao mesmo tempo que encolhem os ombros.
Foi durante as praxes académicas que Tiago Jorge, de 19 anos, e Paulo Oliveira, de 18 anos, se conheceram e, desde logo, criaram uma grande amizade. Enquanto o jovem de Rio Maior sempre teve um gosto especial pelo direito público e em estudar a Constituição Portuguesa, o estudante de Santarém confessa que, apesar de ser oriundo da área de artes, no ensino secundário, o direito sempre lhe despertou interesse. Afinal, “o Direito é o funcionamento do nosso Estado e nós, como membros dele, devíamos perceber como ele trabalha”, salienta Paulo Oliveira.