Mais velhos e hipertensos: assim vai a saúde dos vilafranquenses
Em 289 páginas, o Perfil Municipal de Saúde faz uma análise às condições de vida e saúde das pessoas que vivem no concelho de Vila Franca de Xira. O balanço global é positivo mas há coisas a melhorar. A esperança média de vida é de 80,5 anos. O MIRANTE consultou os dados e apresenta-lhe as conclusões mais relevantes.
Se vive no concelho de Vila Franca de Xira saiba que os salários médios têm aumentado nos últimos anos, que se vive até uma idade mais avançada e que a diabetes e a hipertensão serão as suas doenças mais prováveis. Saiba também que vive num dos concelhos com menos criminalidade da Área Metropolitana de Lisboa (AML), que o número de sem-abrigos está a descer e que a qualidade do ar e o ruído estão em níveis confortáveis. Os dados constam do Perfil Municipal de Saúde de 2017, apresentado no dia 17 de Abril na Fábrica das Palavras e que traça um retrato da saúde da população e dos seus determinantes sociais e económicos.
Um dos dados que se destaca é o aumento do índice de envelhecimento, que passou dos 67 para 79 idosos por cada 100 jovens. E a dependência total aumentou de 38 para 44 jovens e idosos a cada 100 indivíduos em idade activa. 54,38 por cento da população usa o automóvel para as suas deslocações diárias em detrimento dos transportes públicos. E os níveis de escolaridade são superiores à média da região, desde o ensino pré-escolar ao pós-secundário.
Ainda existem 144 casas no concelho que não têm água canalizada e esgotos e 57 por cento das casas estão sobrelotadas, ou seja, vive gente a mais sob o mesmo tecto. Nesse tema, o concelho supera em 4 por cento os valores médios da AML. O documento agora apresentado, elaborado pela câmara municipal em conjunto com o Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo e o Hospital Vila Franca de Xira, mostra também que em Março de 2017 foram identificados pelos serviços sociais 38 pessoas a viver sem abrigo no concelho. Os números têm caído ao longo dos anos – chegaram a ser 52 em 2014. A maioria está hoje na faixa etária entre os 46 e os 65 anos e está sem abrigo há mais de cinco anos. A razão mais frequente é o desemprego, alcoolismo e toxicodependência.
E há bons indicadores na carteira: o ganho médio mensal no concelho para os trabalhadores por conta de outrém tem vindo a aumentar desde 2004, tendo passado dos 968 euros para os actuais 1.113 euros. E 53,2 por cento da população residente no concelho com 15 e mais anos é beneficiária de algum tipo de apoio da Segurança Social, um valor superior à média da AML. 2.670 indivíduos beneficiam de rendimento mínimo garantido e rendimento social de inserção.
Cancro é dos que mata mais
Em Vila Franca de Xira as três principais causas de morte são as doenças do aparelho circulatório (32,3%), tumores malignos (27,4%) e doenças do aparelho respiratório (9,6%). E as doenças associadas à diabetes matam 3,2 por cento da população. A maioria dos utentes que entra nos centros de saúde e no hospital é hipertensa, obesa ou tem perturbações depressivas.
O Perfil Municipal de Saúde de 2017 revela também que foram registadas 33 doenças de declaração obrigatória, sobretudo tuberculose pulmonar, gastroenterite por salmonella, parotidite, hepatite c, tosse convulsa, meningite e gonorreia. No hospital as especialidades de cirurgia geral, ortopedia, otorrino, dermato-venerologia e oftalmologia foram as que tinham mais utentes em lista de espera.
Na triagem da urgência um doente muito urgente (pulseira laranja) esperou, em média, até 10 minutos para a primeira observação médica e um doente com pulseira azul (a menos urgente) até 240 minutos. As pulseiras verdes, mais frequentes, esperam até 120 minutos pela primeira observação médica.
A taxa bruta de natalidade é inferior à média da AML: 9,6% contra 10,1% e a maioria dos jovens são pais com idades entre os 30 e os 34 anos. A esperança média de vida é de 80,5 anos. Os índices de qualidade do ar são classificados como bons. As partículas em suspensão encontram-se bastante abaixo dos limites legais e o mesmo se passa para as medições do dióxido de azoto e monóxido de carbono.
Refere-se ainda que 58,5 por cento do edificado do concelho encontra-se exposto a níveis sonoros inferiores a 55 decibéis, considerado o limiar da incomodidade segundo a Organização Mundial de Saúde, valor que, se atingido, pode causar desconforto, cansaço, irritabilidade, stress e perturbação do sono.
Por fim uma nota para o trânsito: a cada mil habitantes dois morrem em acidentes rodoviários.