“Politécnico de Santarém deve ser o motor do desenvolvimento da região”
Em ambiente pré-eleitoral para a presidência do Politécnico de Santarém, O MIRANTE falou com a responsável máxima da Escola de Saúde de Santarém, Isabel Barroso, a única directora de uma escola superior que não apoia a candidatura de José Mira Potes. A professora é a favor de sinergias entre os dois politécnicos da região e defende que a presidência do IPS deve estar entregue a gente da casa.
O actual director da Escola Superior Agrária de Santarém anunciou a sua candidatura à presidência do Instituto Politécnico de Santarém (IPS) num comunicado onde dizia ter o apoio dos directores de todas as escolas superiores que integram o IPS. Uma referência que apanhou a directora da Escola Superior de Saúde de Santarém de surpresa. Isto porque Isabel Barroso já tinha garantido o seu apoio ao outro candidato, Hélder Pereira, que só na passada semana e formalizou a candidatura. Um pretexto para falar com Isabel Barroso sobre o processo eleitoral e o futuro do IPS.
O candidato à presidência do IPS José Mira Potes, também director da Escola Superior Agrária de Santarém, anunciou que tinha o apoio de todas as escolas superiores do IPS, mas afinal a directora da Escola Superior de Saúde não está entre os apoiantes. O que se passou?
Não se passou absolutamente nada. Há mais de um ano que o professor Hélder Pereira me referiu a intenção de ser candidato e eu desde esse dia que o apoio. Quando surgiu a candidatura do professor Potes, e eles tiveram a gentileza de falar comigo, o que referi é que não tinha nada contra essa candidatura mas apoiava a candidatura do professor Hélder.
Então como reagiu quando constatou que estava implícito no comunicado da candidatura do professor José Potes o seu apoio a uma determinada candidatura que não apoia?
A forma como reajo é conversando. Quando me foi dito que estava online essa informação que não correspondia à verdade, pedi para ser corrigida e conversei com o professor Potes. Explicou-me que o comunicado dizia que a sua era uma candidatura das escolas e que não referia a direcção das escolas. Porque toda a gente sabe que eu estou a apoiar a outra candidatura.
Quando uma candidatura diz que tem o apoio de todas as escolas não está a utilizar abusivamente esse argumento, tendo em conta que a directora de uma das escolas não a apoia?
Eu não entro por essas questões. Eles têm a legitimidade para fazer o que acham que devem fazer. Eu sou por ideias e por pessoas e é nesse sentido que estou a apoiar uma determinada candidatura. Mas isto não quer dizer que tenha alguma coisa contra a outra.
O que a levou a escolher apoiar Hélder Pereira, actual vice-presidente do IPS?
Prende-se com o conhecimento que tenho do trabalho que tem vindo a desenvolver ao longo do tempo. É uma pessoa discreta mas que conhece o instituto e que pretende envolver as escolas naquilo que é o desenvolvimento do próprio IPS.
A candidatura do professor Hélder Pereira é vista como uma candidatura de continuidade, já que é vice do actual presidente do IPS Jorge Justino há oito anos.
Acho que só depois de as pessoas verem o programa que vai apresentar é que podem dizer se é de continuidade ou não. Por ter sido vice-presidente não quer dizer que siga uma linha de continuidade. Porque quem comanda os destinos é quem está na presidência. As pessoas podem ter outras ideias e até ter uma visão um pouco diferente da actual.
“O presidente do IPS deve ser um professor das escolas”
No comunicado em que anunciou a sua candidatura, José Mira Potes faz algumas críticas à actual administração do IPS, dizendo, e cito, que se tem verificado uma “organização e gestão pouco eficientes, tanto dos seus recursos financeiros como humanos”. Que opinião tem sobre a gestão do ainda presidente do IPS, Jorge Justino?
O que acho é que passámos por uma época muito conturbada. Não conseguimos fazer omeletas sem ovos. E neste momento começa a haver outro desenvolvimento. Desde 2011 que sou directora da Escola Superior de Saúde de Santarém e apanhei o pior período da escola.
Está a referir-se à situação financeira?
Exactamente. Respeito muito a pessoa do professor Jorge Justino, que deu muito ao IPS e a esta cidade. Posso não concordar com algumas coisas que aconteceram mas não acho que seja momento para falar sobre isso. Mesmo em situações de crise, com cortes e sem autonomia financeira, as escolas não deixaram de fazer as coisas.
O que espera de diferente do próximo presidente do IPS?
Espero que o instituto e as suas escolas sejam um motor da região. Defendo que o IPS deve ser o motor do desenvolvimento da região.
Não acha que seria um instituto politécnico mais forte se Santarém e Tomar estivessem juntos? Ou isso é uma discussão que já passou à História?
Não passou à História! Na minha opinião, acho que sim, que tem que haver aqui uma sinergia. Tem que haver uma discussão grande, porque ninguém vive sozinho. E temos também que nos voltar para fora. E nós temos feito isso.
O que pensa da retirada da candidatura do ex-presidente da Câmara de Santarém José Miguel Noras à presidência do IPS e do seu apoio ao candidato José Mira Potes?
Conheço bem o professor Noras há muitos anos. É uma pessoa que também fez muito pela cidade mas defendo, e já o tinha defendido anteriormente, que o presidente do IPS deve ser um professor das suas escolas.
Porquê? Não acha que o IPS teria a ganhar com uma visão diferente, mais distanciada?
As visões de fora já existem através do Conselho Geral. Por isso entendo que quer o presidente do Conselho Geral quer as pessoas que são cooptadas para esse órgão devem ser individualidades que possam ajudar o instituto a crescer. Agora para presidente tem que ser uma pessoa com a cultura da organização, que a conheça. Essa é a minha visão pessoal mas é natural que haja quem tenha opinião diferente.