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Cães à solta atormentam população de Carreiro da Areia
Josefina Freitas teme pela vida sempre que sai de casa na aldeia de Carreiro da Areia

Cães à solta atormentam população de Carreiro da Areia

Matilha intimida e já atacou moradores, que reclamam pela intervenção da Câmara de Torres Novas e de outras entidades por considerarem que se trata de uma questão de segurança e saúde pública.

A igreja fica a cerca de 300 metros da casa de Josefina, o contentor do lixo a menos de cinco, mas qualquer distância, por mais curta que seja, é um calvário para esta octogenária percorrer a pé. “Tenho medo de sair de casa por causa dos cães”, diz Josefina Freitas, residente na Rua dos Poços, em Carreiro da Areia, concelho de Torres Novas. “Às vezes saio para ir pôr o lixo no contentor e tenho que desistir, volto para dentro e fecho o portão”. O marido, António, está preso a uma cadeira de rodas há mais de 10 anos e quando sai de casa “para apanhar ar” não se aventura fora dos limites do pequeno quintal.
Tudo começou há cerca de dois anos, quando um casal arrendou uma casa a meio caminho entre a escola primária e a casa de Josefina. “Quando chegaram tinham uns dois ou três cães”, afirma a vizinha, mas reproduziram-se rapidamente e a situação tornou-se incontrolável. Todos os cães que nasciam permaneciam por ali e chegaram outros cães atraídos pelo cio das cadelas que nunca foram esterilizadas.
A situação agravou-se quando uma outra idosa foi atacada pela matilha, há cerca de um ano. Nessa altura, Liberto Carola, também morador no local, conseguiu afugentar os canídeos e chamar por socorro. Com o INEM chegou a GNR que levou seis animais para o Canil/Gatil Intermunicipal de Torres Novas. Os restantes ficaram, até hoje, e continuam a atormentar a população.
Quem já os contou diz que andam por ali cerca de 20 animais, metade são crias e a outra metade são cães adultos. “Ladram toda a noite, revolvem o lixo e espalham-no pela povoação e fazem dejectos em todo o lado”, diz Liberto. “Mas o pior é que suspeitamos que alguns possam ter sarna”, acrescenta.
“Em 2016 enviámos uma carta à Câmara Municipal de Torres Novas e à Delegação de Saúde, e até agora nada”, afirmou Liberto Carola na reunião pública da Câmara de Torres Novas realizada a 23 de Julho.

Família abandonou animais à sua sorte
O MIRANTE esteve junto à casa onde tudo começou. Depois de uma ordem de despejo há cerca de dois meses, motivada por incumprimento do pagamento da renda, o casal de moradores abandonou o local e deixou para trás os cães, assim como parte dos seus pertences à porta de casa. São esses pertences, como roupas, malas e sapatos que agora são espalhados pelos cães por toda a localidade.
Julieta, esposa de Liberto Carola, mostra o pau que tem junto ao portão e que a acompanha sempre que sai de casa. O mesmo faz José Pereira. “Ainda ontem aqui andavam, corro-os à vassourada”, diz ao balcão do Café Deolinda.
No restaurante e café Casa da Irene, o proprietário relata que já lhe entraram pelo restaurante adentro. “Tenho um estabelecimento comercial e não posso fechar a porta”, desabafa. “Os cães chegam aqui atraídos pelo cheiro da comida, mas nada é deitado no lixo”, diz o proprietário. “Os restos de comida e as aparas dos legumes são divididos entre os empregados que os levam para alimentar os seus próprios animais”.

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Canil está sobrelotado

O vereador Carlos Dias (PS) reconheceu na última reunião de câmara que se trata de um assunto de segurança e saúde pública, mas admitiu que o centro de acolhimento, com capacidade para cem animais, está sobrelotado. “Não matamos animais”, refere o autarca, desabafando que “hoje a legislação atrofia em vez de ajudar”.

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